Depois de um ano instável, 2015 poderá trazer uma escalada dos riscos políticos e económicos em várias partes do mundo, comprometendo os negócios e o investimento estrangeiro. É isto que refere o relatório Political Risk Map, promovido pelo Marsh e Business Monitor International, divulgado no final de 2014. Os países africanos – como a República Centro Africana, o Sudão ou a Guiné – são dos que apresentam mais riscos, enquanto no extremo oposto do ranking aparece a Dinamarca, Noruega, Suécia e Canadá.

O estudo baseia-se em várias “fontes independentes de análise política e risco de crédito” e avalia 185 países em três categorias de risco: político, macroeconómico e operacional, refere o relatório. Mas também aponta os países que apresentam melhores oportunidades de investimento, como China, Índia e Indonésia.

Os problemas são vários e podem afetar os países de maneira diferente. Uma quebra nos preços do petróleo pode beneficiar a economia em geral, em especial os países importadores, mas constituirá um problema grave nos países produtores. Um dos países em risco neste caso é Angola, segundo o comunicado de imprensa. A Venezuela também está particularmente vulnerável, porque 95% das exportações e mais de 50% das receitas do Governo dependem do petróleo.

Dos países onde o risco é maior (a vermelho) aos países onde o risco é menor (azul escuro). Portugal está numa situação intermédia - Political Risk Map (2015) Marsh & BMI

Dos países onde o risco é maior (a vermelho) aos países onde o risco é menor (azul escuro). Portugal está numa situação intermédia – Political Risk Map (2015) Marsh & BMI

A violência política é outro dos fatores apontados. Embora o norte de África e o Médio Oriente sejam áreas problemáticas nos últimos anos, problemas recentes na Ucrânia, Tailândia e Hong Kong, puseram estes países na mira. Os movimentos autónomos, separatistas ou rebeldes podem incitar à violência e ‘contaminar’ outros países. Os autores do relatório dão o exemplo do referendo na Escócia que relembrou a discussão sobre a independência na Catalunha. Naturalmente, quanto maior o conflito, maior o impacto para o país, como a ação da Rússia sobre a Crimeia e Ucrânia.

À medida que o digital assume crescente importância também é usado nos conflitos dentro e fora dos países. Por um lado, há ataques de piratas informáticos que podem ser usados por um país contra outro, como a acusação feita recentemente pelos Estados Unidos de que a Coreia do Norte tinha realizado o ataque à Sony. Por outro, a utilização das redes sociais, seja para recrutar militantes ou para espalhar o terror, como têm feito os radicais do Estado Islâmico.

O relatório não termina sem deixar um alerta. “Embora as empresas multinacionais não devam perder o foco no próximo ano, também devem considerar os riscos a longo prazo. Muitas das tendências discutidas neste documento pode afetar uma série de eleições internacionais programadas para 2017.” Os autores referem-se às eleições nos Estados Unidos, Alemanha e França na zona Euro, e ainda Hong Kong, Irão e Coreia do Sul.

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