A poucos dias das eleições legislativas gregas, a vantagem da coligação de esquerda Syriza sobre a Nova Democracia cifra-se em 4 pontos percentuais. A margem poderá não ser suficiente para alcançar a maioria absoluta pedida por Alexis Tsipras, que, esta quinta-feira, voltou a sublinhar a importância dessa maioria absoluta para a Grécia. “Uma maioria absoluta do Syriza trará consigo a autonomia da Grécia na Europa. Necessitamos da maioria absoluta para assegurar a salvação social e restaurar a dignidade”, apelou.

Ainda assim, a última sondagem parece não indicar que seja esse o caminho escolhido pelos gregos. O Syriza surge na frente da corrida eleitoral, com 31% das intenções de voto, seguido dos conservadores da Nova Democracia (ND), liderada por Antonis Samaras, atual primeiro-ministro grego, com 27% – uma vantagem que não lhe dá a maioria absoluta.

Em terceiro lugar, segue o To Potami, partido de centro esquerda liderado por Stavros Theodorakis com 6% das intenções de voto. O Aurora Dourada (extrema-direita) e os socialistas do PASOK, partido que tem governado a Grécia em alternância com a Nova Democracia, surgem empatados em quarto lugar com 5,5%. O Partido Comunista Grego completa o leque dos seis partidos melhor classificados nas intenções de voto com 5%.

A dúvida em relação ao futuro dos Gregos Independentes e do Movimento para a Mudança permanece: a verificarem-se os dados das sondagens, os independentes, com 3% das intenções de voto, garantiam representação parlamentar, ao contrário do partido liderado pelo ex-primeiro-ministro George Papandreou, que segue com apenas 2,5%.

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Apesar de tudo parecer indicar que o Syriza será mesmo o próximo vencedor nas eleições de domingo, a sondagem realizada pela Pulse revela que há ainda 7,5% de indecisos, um intervalo suficiente para alterar o desfecho das eleições na Grécia.

A dança da coligação

Face às perspetivas que dão o Syriza como vencedor das próximas eleições, mas sem a maioria absoluta que Tsipras pedira, vários partidos já manifestaram a vontade de formar governo em coligação, ainda que tenham definido linhas vermelhas que o Syriza não pode ultrapassar.

Na semana passada, o líder do To Potami, Stavros Theodorakis, não descartou a hipótese de uma coligação pós-eleitoral com o Syriza, mas deixou o aviso: não aceitará integrar nenhum Governo que coloque em causa a permanência do país na União Europeia.

Também Evangelos Venizelos, líder do PASOK, afirmou na quarta-feira que aceitaria integrar uma eventual coligação desde que o Syriza abandone posições “precipitadas e amadoras”.

George Papandreou e o Movimento para a Mudança também já se assumiram como pretendentes do Syriza. Mas o casamento, a acontecer, não se avizinha fácil. “Se eles estão seriamente empenhados em fazer mudanças, em negociar com parceiros uma forma organizada e estável para ultrapassar este período particularmente difícil e sair do memorando para os mercados, eu ficarei satisfeito em apoiar”, mas “tudo depende do que o Syriza vier a defender, afirmou o ex-primeiro-ministro grego, em entrevista à Reuters.

Quem parece mais inclinado para aceitar um eventual convite do Syriza para formar governo é Pano Kammenos, líder dos Gregos Independentes, sétimos nas intenções de voto. Na quarta-feira, Kammenos garantiu que estava “absolutamente preparado” para ser parceiro na coligação.

“Podemos não estar próximos do Syriza em termos ideológicos, mas não pedimos que eles mudem de posições. Pedimos é que eles respeitem aquilo que nós dizemos e nós respeitaremos as suas posições”, assegurou Kammenos.