José Guilherme, o empresário que deu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), tinha dívidas à instituição, a título pessoal, no valor de 83 milhões de euros em abril de 2013, de acordo com uma notícia publicada no Expresso Diário nesta sexta-feira. Este valor dos créditos cedidos pelo banco eram uma parte dos empréstimos a 25 entidades relacionadas com José Guilherme, que atuavam sobretudo nos setores da construção e imobiliário e que, de acordo com os dados do Banco de Portugal a que o jornal teve acesso, atingiam mais de 223 milhões de euros.

Os valores em causa foram detetados pelo regulador no âmbito das duas iniciativas apelidadas de Exercício Transversal de Revisão das Imparidades das Carteiras de Crédito (ETRICC) que tiveram como objetivo avaliar junto de oito bancos que operavam em Portugal a lista dos respetivos 50 maiores devedores. O nome de José Guilherme surgiu como um dos maiores devedores do BES, alvo de resolução no início de agosto de 2014, e as dívidas identificadas, adianta o Expresso, referiam-se ao final de 2012.

O jornal cita uma fonte “próxima” do empresário que afirmou que muitas das empresas relacionadas pelo regulador com José Guilherme nada terão a ver com ele, que as dívidas são menores do que aquelas que foram apuradas pelo Banco de Portugal e que, enquanto cliente do BES, teria “muitos créditos” que “devem ser tidos em conta”. Quando foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito, Ricardo Salgado afirmou, a propósito do presente de 14 milhões de euros, que o empresário “nunca precisou do Grupo Espírito Santo para nada”, acrescentando que “era mais credor do que devedor”.

José Guilherme é uma das pessoas que os deputados querem ouvir no Parlamento e a audição está agendada para 11 de fevereiro, um dia depois daquele em que será ouvido Eduardo Stock da Cunha, atual líder executivo do Novo Banco. A questão do presente, já considerada estranha por alguns dos inquiridos, deverá ser um dos temas quentes da audição do empresário.

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