“É absolutamente claro que não podemos concordar com qualquer redução da dívida que inclua os títulos detidos pelo BCE. Tal é impossível por razões legais”, advertiu Benoît Coeuré, em entrevista ao jornal económico alemão Handelsblatt, citada pela agência noticiosa AFP. O mandato do Banco Central Europeu interdita-o de financiar os Estados europeus, pelo que dar-se-ia esse caso na eventualidade de tal operação.

Relativamente aos outros títulos em circulação, “não cabe ao BCE decidir se a Grécia precisa de uma redução da sua dívida”, disse.

Os gregos deram, este domingo, uma vitória histórica ao partido de esquerda anti-austeridade Syriza, com 36,34% dos votos, ou 149 deputados, menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta, quando estavam contados 99,8% dos votos. Na noite de domingo, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, reiterou no discurso de vitória a sua intenção de renegociar com os credores uma “nova solução viável” para a Grécia, designadamente ao nível da dívida.

Os ministros das Finanças da zona euro reúnem-se hoje em Bruxelas, um dia após a vitória nas eleições gregas do partido de esquerda Syriza. O encontro que se prevê curto, tem como principal tema da agenda a Grécia, com o Eurogrupo a fazer um ponto da situação do programa de assistência grego, que expira dentro de aproximadamente cinco semanas, mas não haverá quaisquer decisões, até porque agora é necessário aguardar pelo novo interlocutor grego à mesa do fórum de ministros das Finanças da zona euro, face à viragem política operada na Grécia.

O futuro primeiro-ministro grego pretende negociar com a Europa a redução da enorme dívida do país (175% do Produto Interno Bruto), tendo-se manifestado “pronto para cooperar e negociar (…) uma solução justa, viável e que beneficie todos”.

O BCE detém atualmente 27,2 mil milhões de euros de dívida grega negociável, cerca de 42% do total. Duas dessas obrigações, de 3,5 mil milhões de euros, vencem a 20 de julho, enquanto duas outras, na ordem dos 3,2 mil milhões de euros, em agosto.

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