Há um ano, Lisboa enchia-se de gente para aquela que seria a última viagem do Pantera Negra. Mas a viagem do Rei do futebol português estava incompleta e só vai terminar quando os restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira forem para o Panteão Nacional. O projeto que aprovará a trasladação foi consensualizado entre todos os grupos parlamentares e a discussão do texto vai decorrer em fevereiro.

No texto do projeto de resolução que vai dar início ao processo, Eusébio é descrito como tendo um “mérito desportivo, grandeza que transcende as fronteiras de Portugal, bem como [tendo uma] personalidade generosa e humilde” que tornou Eusébio da Silva Ferreira “num herói popular e num símbolo do nosso País, que honra Portugal e orgulha os portugueses”.

Eusébio, o futebolista do Benfica, mas também o homem. Os deputados aprovaram um texto que elogia a carreira de quem se “sagrou 11 vezes campeão nacional, ganhou cinco Taças de Portugal e foi campeão europeu de clubes na época de 1961/62. Conquistou ainda a Bola de Prata por sete vezes e a Bota de Ouro por duas vezes. Pela Seleção Nacional, foi o melhor marcador do Campeonato do Mundo de 1966, ano em que Portugal obteve o terceiro lugar nessa competição, ou seja, a melhor classificação de sempre”, pode ler-se no texto a que o Observador teve acesso. Mas mais do que isso.

O trabalho de Eusébio, depois do adeus aos relvados, é lembrado. No projeto, os deputados dizem:

“Os sucessos desportivos, contudo, não impressionam mais que o seu lado humano: a glória nunca lhe subiu à cabeça e todos os que o conheceram admiravam a sua simplicidade, humildade e sentido de solidariedade. Não esquecemos as qualidades humanas que dele fizeram uma referência de partilha e de ajuda ao próximo, tendo emprestado o seu rosto e a sua imagem a diversas campanhas de solidariedade, expressão da sua genuína e natural afabilidade e entusiasmo!”

A apresentação de um projeto de resolução é o primeiro passo para que se inicie o processo de trasladação para o Panteão Nacional. Certo é que o texto teve o acordo de todos os grupos parlamentares e deverá ser por isso um projeto consensual na altura do voto. A partir do momento em que o projeto de resolução seja aprovado, será constituído um grupo de trabalho, com representantes de todos os grupos parlamentares “com a incumbência de determinar a data, definir e orientar o programa da trasladação, em articulação com as entidades públicas e demais instituições envolvidas, bem como os seus familiares próximos”. Até que aconteça a trasladação, haverá ainda uma alteração à legislação, para que seja possível levantar um corpo enterrado há pouco mais de um ano.

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A última trasladação para este monumento foi a da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. O projeto de resolução foi apresentado pelo PSD e pelo PS no dia 14 de fevereiro de 2014 e aprovado por unanimidade a 20 de fevereiro – a cerimónia ocorreu em julho.