Não contando com avarias ou quebras, são vários os pretextos para trocar de telefone: lentidão do equipamento, a qualidade da câmara fotográfica e até uma bateria esgotada. São apenas três exemplos aos quais se pode juntar o apetite pelo último grito em tecnologia e design.

Mas contas feitas, e apesar de todos os anos se venderem aos milhões, os smartphones não são para todos. Para os tornar acessíveis aos 5 mil milhões de pessoas que ainda não têm um, o Projeto Ara da Google ambiciona construir um ecossistema de hardware com um princípio semelhante ao das aplicações. Basicamente, permitir a construção de um equipamento à medida do bolso e das necessidades práticas de cada pessoa, um smartphone feito por blocos.

A ideia está a ser revista por outras empresas, entre elas o puzzlephone. Desenvolvido por uma startup finlandesa, assume-se como uma alternativa “verde” e com um argumento simples: quebrar o círculo vicioso do desperdício. Isto porque, segundo o co-fundador da Circular Devices, Alejandro Santacreu, os smartphones “atingiram um ponto em que as funções centrais estão mais ou menos estabilizadas”, ou seja, a estrutura de base dos equipamentos é semelhante, as variações encontram-se em componentes que podem ser facilmente trocados por módulos.

Assim, a uma plataforma de base basta juntar um ecrã ou uma câmara fotográfica com mais ou menos definição, um processador mais ou menos rápido e mais ou menos memória de armazenamento. Tudo pode ser escolhido de acordo com a necessidade e possibilidade de cada um, por um preço substancialmente mais baixo que o envolvido na compra de um novo equipamento.

Depois, coloca-se ainda a possibilidade de reunir diferentes parceiros de acordo com as respetivas especialidades, empresas que, dificilmente, lançariam um smartphone por conta própria. A título de exemplo, o programa piloto da Google desafiou a germânica Sennheiser a desenhar um módulo de áudio dedicado ao smartphone modular. Um luxo para os ouvidos mais exigentes.

Os projetos modulares vão mesmo avançar e ainda está por conhecer a resposta dos gigantes da indústria, como a Samsung ou a Apple. A marca norte-americana, por exemplo, não só desaconselha a utilização de outros fornecedores de componentes, como tem vindo a fechar cada vez mais os seus produtos à concorrência, nomeadamente ao soldar alguns componentes internos, tais como as placas de memória.

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