Um dos argumentos do juiz Carlos Alexandre para decretar a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, foi o receio de que, se estivesse em liberdade, pudesse perturbar a investigação através da influência que podia exercer junto dos bancos e autoridades estrangeiras, avança o Jornal de Notícias na edição deste domingo.

Em causa estava a suspeita de que José Sócrates mantivesse atividades e relações privilegiadas no estrangeiro, nomeadamente nos países, como a Suíça, onde o Ministério Público pretendia pedir cooperação para apurar o rasto do suposto dinheiro que o ex-governante teria recebido como contrapartida por atos de corrupção e fraude fiscal.

Segundo o Jornal de Notícias, esse terá sido um dos motivos que levou o juiz a decidir decretar a prisão preventiva do ex-governante aquando da sua detenção em novembro por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Carlos Alexandre receava que a investigação pudesse ser perturbada se Sócrates não tivesse todos os seus movimentos controlados.

Logo no despacho de prisão preventiva, o juiz escrevia que a cooperação internacional ia ser uma peça-chave da investigação. E os dados sobre os cerca de 20 milhões de euros que o empresário e amigo de Sócrates, Carlos Santos Silva, mantinha na Suíça e que acabou por transferir para Portugal ao abrigo do Regime Excecional de Regularização Tributária (RERT), já foram solicitados pela investigação.

O argumento do juiz choca com a linha de argumentação usada pela defesa do ex-primeiro-ministro no recurso entregue na semana passada ao tribunal da Relação. Os advogados de Sócrates alegam que as eventuais provas sobre o rasto do dinheiro na Suíça não podem ser usadas em tribunal, uma vez que a lei indica que ninguém pode ser responsabilizado criminalmente por adesão ao RERT.

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