No dia em que Alexis Tsipras fala com a Comissão Europeia e o ministro das Finanças grego fala com Mario Draghi, é o próprio Banco Central Europeu a pôr travões às pretensões gregas. O Financial Times avança esta quarta-feira que o BCE vai resistir a aprovar o plano grego para resolver o primeiro problema de financiamento da Grécia, quando terminar oficialmente o segundo resgate, já no final deste mês.

Diz o jornal (link para assinantes), que a instituição liderada pelo italiano Mario Draghi vai “jogar duro” e dificultar os planos do novo governo grego de emitir dez mil milhões de euros em bilhetes do tesouro, para fazer face às dificuldades de financiamento dos próximos três meses. Tudo, enquanto gregos e autoridades europeias negoceiam uma solução mais duradoura, que pode ser um terceiro programa de assistência ou um programa cautelar. Alexis Tsipras tem mantido a intenção de dispensar a troika (neste caso, o FMI) da equação, dizendo que a prioridade é uma solução com os parceiros europeus.

Esta é apenas a primeira parte do problema que a nova equipa de Atenas tem para resolver. Yanis Varoufakis, ministro das finanças grego, vai primeiro negociar esta proposta de curto-prazo como financiamento-ponte para não ficar sem dinheiro nos próximos meses. Foi o próprio ministro grego que disse esperar por uma solução para a dívida grega até maio, mas até lá precisa de dinheiro, o que fica dificultado se o BCE não autorizar o aumento do teto de emissão de bilhetes de tesouro. Se isso acontecer, lembra o jornal, é a primeira vez desde 2010 que a Grécia fica sem financiamento de emergência.

Uma recusa do BCE será também um tiro no otimismo que levou a que ontem a bolsa de Atenas tenha subido quase 12,5% e os juros da dívida tenham descido para menos de 10%. Uma situação que aconteceu depois da suavização do discurso do novo primeiro-ministro grego.

Alexis Tsipras e Varoufakis vão continuar o périplo europeu. Esta terça-feira Tsipras reúne-se com Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e Varoufakis com Mario Draghi.

Ontem, Tsipras reuniu-se com Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano e assumiu estar aberto a ouvir “alternativas” desde que tenham como prioridade o crescimento económico.

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