“Provar vinho não se ensina, aprende-se.” A máxima, citada pelo enólogo e professor universitário Virgílio Loureiro, pode ajudar a explicar porque é que a simples prova de vinho com o intuito de permitir o seu serviço, algo comum na maioria dos restaurantes, causa muitas vezes tensão a quem tem de o fazer.

Nesses casos, é como se a pergunta “quem é que prova o vinho?”, feita pelo empregado de mesa a um grupo prestes a iniciar a sua refeição, soasse a uma outra, feita uns anos antes pela professora de Matemática: “quem é que vem ao quadro resolver esta equação?”. Além do vinho e das equações partilharem variáveis e incógnitas, o princípio que leva à habitual imobilidade dos visados é o mesmo: ninguém quer fazer má figura.

É, no entanto, importante perceber o seguinte: provar vinho num restaurante, antes de este ser servido, não é o mesmo que fazê-lo para avaliar o rótulo, distinguir aromas ou julgar paladares. Até porque, bem ou mal, a marca já está escolhida. A prova, neste caso, serve apenas para ver se o exemplar vindo da garrafeira está em condições de ser bebido. Será isso mais fácil do que resolver uma equação? Nem sempre.

Tanto assim é que, para Virgílio Loureiro, a tarefa de provar o vinho deveria, idealmente, caber aos profissionais que o servem e não ao cliente, “que a maior parte das vezes atua mecanicamente sem saber o que fazer, dizendo que está tudo bem, mesmo quando o vinho não está em condições de ser servido.” A atuação mecânica de que fala o enólogo, surge, quase sempre, mais pela imitação do que pelo conhecimento. Isso nota-se, por exemplo, quando se vê alguém a abanar o copo, enquanto o segura pelo corpo, ao invés de usar a haste ou o pé.

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Por outro lado, atendendo ao facto de a maioria dos empregados de mesa também não ter qualquer tipo de formação em vinho, é natural que acabe por caber ao cliente a tarefa de o provar. É nesta altura que quem nunca aprendeu o que não lhe foi ensinado — isto para seguir a máxima supracitada —, se enche de dúvidas. O que fazer? Como fazer? O que procurar? Não é preciso ir mais longe.

Eis os seis passos que tem de aprender:

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Claro que quem quiser dominar todas as minudências da prova vínica precisa de muito mais do que memorizar estes seis passos. Se for esse o caso, são de considerar as seguintes opções:

A Escola Essência do Vinho organiza periodicamente cursos de iniciação à prova de vinhos. O próximo “Vinho, A Minha Primeira Vez”, terá lugar no dia 14 de março, às 15.00 e decorrerá simultaneamente em Lisboa (no espaço Teka, no Parque das Nações, com o sommelier Manuel Moreira) e no Porto (Palácio da Bolsa, com a enóloga Raquel Sousa). O curso custa 35€ por pessoa e a inscrição deve ser feita online.

A jornalista e crítica de vinhos Maria João de Almeida lançou, em 2008, o livro 112 Conselhos para Perceber de Vinho. Apesar do número escolhido pela autora, a obra não deve ser usada apenas em ocasiões de emergência. Pelo contrário, pode servir de leitura útil a qualquer pessoa sem grande experiência na matéria, já que responde a questões essenciais sobre serviço, temperatura ou combinação com comida, entre outros temas.

No L’And Vineyards, o mais conhecido wine resort do Alentejo, é possível, mesmo não estando hospedado, fazer diversas provas dos vinhos locais, bem como um curso de iniciação à prova (75€), que, caso o cliente queira pode ser combinado com um menu degustação preparado pelo chef Miguel Laffan, responsável pelo restaurante do complexo, dono de uma estrela Michelin. A experiência combinada custa 155€.

Finalmente, também a Rota de Vinhos da Península de Setúbal organiza diversas atividades para dar a conhecer os vinhos da região, entre elas cursos de iniciação à prova. Segundo os responsáveis, as sessões deste ano ainda estão a ser fechadas, sendo, no entanto, possível avançar já com duas datas e localizações: 7 de março na Pousada do Castelo de Palmela e 24 de outubro na Adega Venâncio da Costa Lima.