O custo das crises financeira e da dívida soberana foi muito maior do que devia ter sido, afirmou hoje em Lisboa o economista-chefe do Banco Central Europeu, Peter Praet, fruto da falta de instrumentos para impedir a criação dos desequilíbrios que levaram à crise ou ao seu agravamento. Agora, diz, há instrumentos para lidar com os problemas mas ainda não se sabe a sua eficácia porque ainda não foram testados.

“O custo das crises financeiras são muitas vezes múltiplos do que deviam ser”, afirmou Peter Praet, um dos seis membros da equipa que administra o BCE, juntamente com Mario Draghi e Vítor Constâncio, por exemplo.

O economista-chefe do BCE diz que “se alguma coisa falhou no período anterior à crise foi a falta de instrumentos macro prudenciais para limitar no nível de endividamento das famílias, às empresas, para limitar o grau de alavancagem dos bancos”.

Agora, diz, existem mecanismos, como é o caso do Mecanismo de Supervisão Único que deu o poder ao BCE de supervisionar os maiores bancos da zona euro, para responder a uma crise. No entanto, o SSM (sigla em inglês) ainda não foi testado, sublinha, sendo importante ver como estes mecanismos funcionam, mas admitindo que há alguma incerteza em redor da sua eficácia.

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“O que pode ter mudado é a resiliência das instituições, mas isso ainda tem de ser testado”, disse o responsável.

Peter Praet deixou ainda um recado ao uso dos empréstimos de emergência dos bancos centrais nacionais aos bancos comerciais do seu país, como é o caso nesta altura na Grécia.

“A ELA [Emergency Liquidity Assistance] é para períodos de muito curto prazo”, afirmou, e o BCE só podia dar autorização porque “havia perspetivas credíveis de recapitalização destes bancos no curto prazo, ou porque os desequilíbrios macro estavam a ser resolvidos de forma credível”. “É essencial que preservemos isso”.