O gigante bancário HSBC colocou este domingo anúncios de página inteira em jornais britânicos para se desculpar das alegações de que ajudou clientes na Suíça, através da sua unidade de banca privada, a fugir ao fisco em milhões de euros.

O anúncio, colocado no Sunday Times, Sunday Telegraph, Mail e Sun, republica uma carta dirigida pelo presidente executivo Stuart Gulliver para os clientes do banco e funcionários na sexta-feira, no qual insiste que o banco suíço tinha sido “completamente reorganizado”.

“O foco das notícias tem sido em eventos históricos e padrões que não operamos hoje”, escreve Gulliver, acrescentando que o HSBC não tem “absolutamente nenhum desejo de fazer negócios com clientes que praticam evasão fiscal”.

O presidente executivo do banco pede “as mais sinceras desculpas” porque sabe que os clientes que servem “esperam mais” do HSBC, referindo, no entanto que os documentos têm de ser colocados “em contexto”, porque surgiram a público a partir de dados roubados.

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O banco já havia reconhecido no início desta semana “deficiências”, garantindo que as práticas do passado não são as mesmas de hoje.

O HSBC é desde segunda-feira o centro de um vasto escândalo financeiro, o caso “Swissleaks”, uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) que provaram que o banco ajudou clientes de mais de 200 países a fugir aos impostos em contas no montante global de 104 mil milhões de euros entre novembro de 2006 e março de 2007.

Portugal é um dos países atingidos pelo escândalo financeiro, com a divulgação de uma lista de clientes portugueses do HBSC que, através do banco suíço, terão ocultado avultadas somas de dinheiro, na ordem dos muitos milhões de euros, às autoridades tributárias do país de origem.

O país surge em 45.º lugar na lista dos que constam da informação divulgada, com um total de 969 milhões de dólares (855,8 milhões de euros) depositados no HSBC Private Bank, distribuídos por 778 contas bancárias de 611 clientes.

Das 778 contas bancárias, 531 foram abertas entre 1970 e 2006, e dos 611 clientes com ligações a Portugal, 36% tem passaporte português, indicam as informações divulgadas pelo ICIJ.