Não há elevador, sala de espera ou outro local propício para a conversa de ocasião onde, nesta época, não se recorra ao frio como quebra-gelo primordial. E também não é menos comum as interações desse género terminarem com uma reprodução das previsões meteorológicas dos dias seguintes: “Olhe, dizem que a partir de amanhã melhora.”

Nos anos 80, porém, esse tipo de conversa arriscava outro tipo de desfecho: “Frio? Eu não tenho frio. Estou bem protegido…”

A fascinante Thermotebe marcou gerações. E é provável que isso se deva às tão propagadas “características turboelétricas” de que falava o anúncio. Atire a primeira pedra (ou escreva o primeiro comentário) quem nunca pensou que as ditas camisolas eram compostas por fios elétricos invisíveis. Mas não eram: a mistura de tecidos é que propiciava a geração de eletricidade estática, tornando a peça isolante, logo capaz de conservar o calor mais facilmente de forma segura. Ou pelo menos segura o suficiente para um suposto médico a recomendar.

Surpreendam-se também aqueles que achavam que estas camisolas tecnológicas vinham de fora. Porque não vinham. As Thermotebe eram fabricadas pela Tebe, uma empresa de Barcelos, também responsável por outras marcas capazes de apelar aos mais saudosistas como a Marie Claire ou a Tebesport. Foi François Fernand Gros, atual líder da empresa e descendente da família francesa que a adquiriu nos anos 70, que decidiu mudar o seu rumo, tornando a fábrica especialista na produção de marcas multinacionais com distribuição própria. Foi-se a Thermotebe, ficaram as memórias.

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