Quantas vezes usa os dentes para rasgar algo que não seja um alimento ou para segurar alguma coisa como se uma mão se tratasse? Não estranhe, é instintivo e os nossos antepassados já o faziam há milhares de anos. E foi a análise dos dentes que serviam de ferramenta ou terceira mão que permitiram perceber que, entre os humanos pré-históricos, homens e mulheres tinham tarefas diferentes. Agora, os investigadores do Museu Nacional de Ciências Naturais em Madrid descobriram que entre os neandertais também haveria uma divisão equivalente de trabalho.

Estudar os dentes dos homens primitivos caçadores-recoletores e compará-los com os das populações que continuam a viver do mesmo tipo de atividades em África permitiu perceber que, consoante o uso que se desse aos dentes como ferramenta, havia vários tipos de danos causados nos dentes, como explicou El País. Mais, essas estrias eram diferentes entre homens e mulheres, logo os dois géneros tinham funções distintas na comunidade.

Os 99 incisivos e caninos estudados, pertencentes 19 neandertais com cerca de 49 mil anos, permitiram perceber que a variedade das marcas dos dentes neste grupo estava relacionada com o género e a idade – além das marcas normais da alimentação comuns em todos, as fêmeas tinham mais estrias e maiores. Os resultados foram apresentados por Almudena Estalrrich e Antonio Rosas, investigadores no Departamento de Paleobiologia do museu, na revista científica Journal of Human Evolution.

Mostra-se assim, mais uma vez, que os neandertais podem ter tido um comportamento mais complexo do que inicialmente se pensava. Além de dividirem as tarefas consoante o género, também já tinha sido demonstrado que tinham cultura – faziam desenhos e usavam adornos e símbolos – e utilizavam plantas medicinais. E, não se esqueça, que se chegaram a reproduzir com o homem moderno (o nosso antepassado).

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