O presidente do banco inglês HSBC terá escondido milhões de libras utilizando uma empresa com sede no Panamá da qual era o único beneficiário, que tinha as suas contas na filial suíça do banco inglês. O responsável continua também com domicílio fiscal em Hong Kong, apesar de viver em Londres.

Stuart Gulliver, que prometeu reformar o banco inglês que recentemente se viu a braços com um escândalo com suspeitas de evasão e fraude fiscal — utilizando o braço do banco na Suíça após a divulgação de milhares de documentos confidenciais–, vê agora o seu nome envolvido nesse mesmo escândalo, noticia o jornal inglês The Guardian.

Os documentos revelam que Stuart Gulliver escondeu cinco milhões de libras (cerca de 6,76 milhões de libras à taxa de câmbio atual). O seu nome não estava diretamente na conta, mas como único beneficiário de uma conta de uma empresa chamada Worcester Equities, uma sociedade anónima com sede no Panamá, que tinha em 2007 no seu balanço 7,6 milhões de dólares.

Stuart Gulliver terá utilizado esta empresa para receber os prémios de gestão que lhe foram pagos até 2003 e tinha ainda uma segunda conta em nome de outra empresa com sede no Panamá, de nome muito semelhante: a Worcester Foundation, que fechou em 2007.

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Apesar de viver no Reino Unido, onde é a sede do HSBC, Stuart Gulliver ainda tem domicílio legal e fiscal em Hong Kong, onde os impostos são mais baixos.

Esta notícia surge no mesmo dia em que o presidente do HSBC desde janeiro de 2011 apresentou os resultados do banco inglês e onde deve ser questionado por jornalistas e investidores sobre os documentos recebidos pelo jornal francês Le Monde, numa investigação conjunta com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Stuart Gulliver já escreveu um pedido de desculpas que foi publicado por três jornais no último domingo, onde diz que “os padrões em que o HSBC opera atualmente não estavam universalmente aplicados nas unidades na Suíça há oito anos”.

Os lucros do HSBC caíram 17%, para os 16,5 mil milhões de libras, em 2014, mas o responsável diz que isto se deve à atividade do banco e não aos escândalos recentes. A influenciar estas contas estão também os 2,1 mil milhões de euros que o banco teve de pagar em multas e acordos extrajudiciais por manipulação do mercado cambial e da queda no mercado doméstico.