Primeiro foram as temperaturas demasiado quentes. Depois veio a corrupção, os subornos e alegados esquemas para reunir os votos que deram o Mundial ao país. Polémica atrás de polémica e, agora, volta-se ao calor, mas não ao verão. Pela primeira vez na história, um Campeonato do Mundo de futebol será jogado no período de inverno do hemisfério norte e só falta mesmo o ‘sim’ oficial do Comité Executivo da FIFA para em, 2022, o Qatar organizar o Mundial entre o final de novembro e dezembro. Porquê? Por serem “as datas mais viáveis”.

O grupo de trabalho, criado em setembro pela entidade que gere o futebol internacional, para deliberar sobre o calendário dos jogos internacionais entre 2018 e 2024, confirmou esta terça-feira que os dois últimos meses do ano serão a melhor altura para realizar o Mundial do Qatar. À terceira e última reunião desta task force, Sheikh Salman bin Ebrahim Al-Khalifa, líder do grupo, sublinhou que esta “será a melhor solução”.

Isto porque, no Qatar, e durante os meses em que, por norma, se realiza um Mundial (junho e julho), as temperaturas costumam ultrapassar os 40.º C. Por outras palavras, como as que a FIFA escreveu, em comunicado, são “consistentemente quentes entre maio e setembro”, enquanto, em novembro e dezembro, estão entre os 20.ºC e os 30.ºC. “Algumas pessoas revelaram preocupações, mas qualquer decisão que fosse tomada levantaria questões. Temos que pensar no benefício comum”, defendeu Al-Khalifa, após a reunião que submeteu a proposta das datas à FIFA. Agora, o Comité Executivo da entidade reunirá a 19 e a 20 de março para discutir e, prevê-se, confirmar a proposta.

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Caso a FIFA dê aval à realização do Mundial em novembro e dezembro de 2022, terá depois que definir as datas. Por norma, um Campeonato do Mundo dura 30 ou 31 dias, mas a sugestão do grupo de trabalho é que o período de competição seja encurtado. Logo, o torneio poderá também ser mais curto. O The Guardian, aliás, escreveu que já circulam rumores de que a final do Mundial se poderia realizar a 23 de dezembro. Luís Figo, candidato à presidência da FIFA, revelou na passada semana que pretendia alargar o Mundial a 48 equipas e esticar a duração da prova.

David James, ex-guarda-redes e antigo internacional inglês, que esteve nos Mundiais de 2002, 2006 e 2010, lembrou-se que “Figo quer mais equipas e maior duração nos Mundiais da FIFA, e o Qatar diz que a sua fase final será mais curta”.

A confirmar-se, um Mundial no inverno implicará que o calendário da maioria dos campeonatos nacionais europeus seja alterado. A Associação Europeia de Clubes, presidida pelo alemão Karl-Heinz Rummenigge, sempre se revelou contra a possibilidade de a prova se realizar no inverno — preferindo a hipótese de o Mundial ocorrer em maio.

Em março, portanto, a FIFA confirmará se o Mundial de 2022, no Qatar, se realizará, ou não, em novembro e dezembro. Caso a decisão avance, a competição realizar-se-á pela primeira vez no inverno e fará com que o mundo passe dois verões consecutivos sem assistir a um Campeonato Europeu ou do Mundo.