A primavera está aí mesmo ao virar da esquina. Os dias andam maiores, as magnólias começam a despontar, mas eu ando com um caso gravíssimo de winter blues e a precisar urgentemente de espantar este frio cinzento do corpo.

Estas batatas doces recheadas têm-me acompanhado ao longo destes meses escuros e são sem dúvida a derradeira comida de conforto. Os recheios podem ser mais que muitos: feijões, quinoa, legumes… Mas há qualquer coisa de mágico quando o sabor doce e caramelizado das batatas se junta a este grão-de-bico, quente, exótico e a rebentar de aromas. Depois temos o abacate com toda a sua gloriosa cremosidade, pitadinhas atrevidas de malagueta só para aquecer um bocadinho mais, a frescura dos coentros e o toque surpreendente da lima… Magia, senhoras e senhores, magia, daquela que aquece a alma e os ossos.

Vistam a vossa camisola favorita, sentem-se no sofá com estas meninas e prometo que à primeira garfada se esquecem dos dias frios lá fora.

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Batata doce recheada com tomatada exótica de grão-de-bico

Ingredientes (para duas pessoas)

2 batatas doces médias
400 g de grão-de-bico cozido
1 lata pequena de tomate, de preferência natural e sem conservantes
1 cebola
2 dentes de alho
2 cm de gengibre fresco
1/2 malagueta vermelha, sem sementes
1 colher de sopa de garam masala
1 colher de chá de paprica
Sal marinho integral
pimenta preta moída na hora
Óleo de coco ou azeite virgem

Para a Garam Masala caseira
4 colheres de sopa de sementes de coentros
2 colheres de sopa de cardamomo
2 colheres de sopa de pimenta preta em grãos
2 colheres de sopa de cravinho
1 colher de sopa de sementes de cominhos
1 colher de sopa de sementes de funcho (erva-doce)
3 estrelas de anis
3 paus de canela
1/2 noz-moscada, ralada na hora
2 folhas de louro

Para servir
Abacate
Coentros
Lima
Malagueta

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Preparação

Pré aquecer o forno a 200º.
Lavar bem as batatas e furá-las algumas vezes com um garfo.
Levar ao forno entre 45 a 60 minutos até que fiquem tenras.
Enquanto as batatas estão no forno, preparar a tomatada.
Descascar e picar muito bem as cebolas, os alhos, o gengibre e a malagueta.
Numa panela aquecer um pouco de óleo de coco ou azeite, acrescentar as cebolas e deixar refogar até que fiquem transparentes.
Acrescentar o alho, o gengibre, a malagueta, a garam masala e a paprica e deixar cozinhar por mais uns minutos para libertar os aromas, mexendo de vez em quando.
Acrescentar o tomate ligeiramente esmagado.
Temperar com sal e pimenta, deixar levantar fervura e acrescentar o grão-de-bico.
Deixar apurar em lume brando entre 20 a 25 minutos.
Verificar os temperos e ajustar se necessário.

Para servir, fazer um corte ao longo das batatas doces e abri-las ligeiramente.
Rechear com uma dose generosa da tomatada exótica e cobrir com cubos de abacate, coentros e malagueta grosseiramente picados e raspas de lima.

Para a Garam Masala

Numa frigideira, tostar lentamente todos os ingredientes, exceto a noz moscada ralada, mexendo sempre até que comecem a libertar os aromas.
Deixar arrefecer, acrescentar a noz moscada ralada e moer muito bem num moinho de café/especiarias ou num processador de alimentos.
Para um pó mais fininho, peneirar a mistura de especiarias por um passador.
Guardar num recipiente hermético até seis meses.

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O que é a Garam Masala?
É uma mistura de especiarias obrigatória na cozinha indiana, com fundamentos na milenar medicina Ayurvédica. Traduzido à letra, significa mistura (masala) quente (garam) de especiarias, e o objetivo é mesmo aquecer o corpo e aumentar o metabolismo para estimular o processo digestivo e eliminar toxinas. Perfeito, não?

Ao contrário de outras misturas, não tem malagueta, e mesmo não sendo picante tem uma presença inconfundível. Não há uma receita fixa e e pode variar bastante conforme a zona do país ou até de família para família, mas os ingredientes mais usados são normalmente as sementes de coentro e de cominhos, funcho, canela, cardamomo, cravinho, pimenta preta, cardamomo e noz moscada.

Já há muitas misturas prontas no mercado, mas nada bate uma caseirinha, mais autêntica e fresca, que invade a casa com todo o seu perfume e nos transporta automaticamente para outros lugares.

Joana Alves é autora do blogue Le Passe Vite.