Os ferroviários apelaram nesta quinta-feira ao Governo para que pare de atacar a ferrovia e remeteram para dia 6 março a decisão de uma ação de luta conjunta em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos utentes. Várias centenas de trabalhadores ferroviários manifestaram-se em frente à sede da CP — Comboios de Portugal, em Lisboa, ao início da tarde, e desfilaram depois até à praça Luis de Camões, junto da qual se situa o Ministério da Economia, onde entregaram um documento de protesto.

“Hoje, mais do que um ultimato ou um caderno reivindicativo, queremos deixar ao Governo um apelo: parem de atacar a ferrovia”, diz o texto destinado ao secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro. A manifestação contra uma eventual privatização da EMEF e da CP Carga contou com a participação de sindicatos da CGTP, UGT e Independentes e das comissões de trabalhadores das empresas do grupo CP.

António Medeiros, presidente do Sindicato dos Maquinistas, defendeu junto dos manifestantes “o confronto contra as medidas concretas que visam o desmantelamento do caminho de ferro”. “Unidos não deixaremos concretizar tais políticas”, disse o sindicalista no largo Camões, apelando à unidade na ação. O apelo à unidade foi reforçado por outros sindicalistas e todas as organizações representativas dos trabalhadores foram convidadas a participar numa reunião, dia 6 de março, para decidir novas forma de luta e protesto.

O coordenador da Federação dos sindicatos dos Transportes, José Manuel Oliveira, disse à Lusa que a manifestação de hoje junto à sede da empresa e do Ministério da Economia “foi mais uma forma de manifestar a preocupação e o descontentamento dos ferroviários face às políticas do Governo para o setor”

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, disse recentemente que o Governo está a debater com a Comissão Europeia o futuro da CP Carga e da EMEF, existindo duas alternativas: a privatização ou a liquidação. Ainda assim, avançou, a situação da empresa de manutenção é mais favorável, porque, adiantou, “ao contrário da CP Carga, tem resultados muito mais positivos e é um operador que opera livremente em mercado”.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, participou no protesto mas não usou da palavra, no entanto, no final, não se fez rogado às perguntas de vários participantes e salientou as desvantagens das privatizações para o país e para os portugueses. “No interior do país não há transportes para servir as necessidades da população. Isto é pôr em causa a coesão social e territorial”, disse o sindicalista à Lusa.

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