A maior parte de nós não imagina a vida sem pelo menos um café por dia. Mas a planta do café já viu dias melhores e se não se fizer nada para o impedir, pode desaparecer em menos de 100 anos, segundo Leo Lombardini, diretor da World Coffee Research. Antes que seja tarde demais, os investigadores do Jardim Botânico de Kew, em Londres, já começaram à procura de uma planta de café que consiga resistir ao aumento das temperaturas globais, uma das principais ameaças a esta planta.

Se o aumento das temperaturas globais continuar a ritmo que se prevê, toda a produção de café Arábica (Coffea arabica) poderá desaparecer até 2080. O café é uma das plantas de cultivo com maior interesse comercial e a variedade de café Arábica representa cerca de 80% do café consumido em todo o mundo. A extinção desta espécie pode comprometer a vida de cem milhões de pessoas que dependem dela como meio de subsistência, segundo a página do Jardim Botânico.

Coffea arabica cresce preferencialmente entre os 950 e os 1.950 metros de altitude. Embora não se dê muito bem com as temperaturas mais frias, têm ainda mais dificuldades em sobreviver com temperaturas mais quentes. Apesar de existirem no total 125 espécies de café, a variedade Robusta (Coffea canephora) é a única outra espécie, além da Arábica, que tem valor comercial. É mais resistente, mas como tem um sabor mais amargo só constitui 20% do consumo total de café.

Os investigadores querem estudar as 124 espécies de café que podem vir a tornar-se uma alternativa à Arábica – perceber em que tipo de condições ambientais as plantas crescem e se os grãos têm um sabor agradável. Mas aquela que é a nova estratégia de cinco anos para a investigação no Jardim Botânico de Kew pode estar comprometida pela falta de financiamento. “Lamentamos profundamente o corte no financiamento que tem atingido Kew e temos feitos escolhas duras. Temos um buraco de cinco milhões de libras [6,89 milhões de euros] nas nossas contas”, disse Richard Deverell, diretor do jardim, citado pelo Telegraph. Mas Kathy Willis, diretora do departamento científico recorda que “o café, a seguir ao petróleo, é a segunda mercadoria mais importante em termos globais”.

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