Os portugueses costumam ter fama de não serem pontuais, mas não os únicos a sofrer deste mal. Em Espanha, há também quem se queixe de que a “falta de pontualidade não é uma coisa mal vista”, como refere o El País. Mas, afinal, o que é que provoca os atrasos? E haverá uma cura?

Javier Rivero-Díaz, professor no Instituto da Empresa, acredita que o contexto cultural é importante, mas que não é determinante. O ambiente envolvente também é relevante. “Uma pessoa também educa aqueles que conhece”, disse ao El País. Nas suas aulas, Rivero-Díaz nunca deixa entrar os alunos que chegam tarde. Mesmo que seja só um minuto. “Hão-de me agradecer”, afirmou ao jornal espanhol. “Ser pontual será de grande ajuda na sua vida pessoal e profissional”, garantiu.

Mas, para além dos fatores exteriores, existem outros que também contribuem para os atrasos. Diana DeLonzor, autora do livro Never Be Late Again, acredita que existem diferentes tipos de atrasados, que se encontram divididos por sete grupos distintos.

O primeiro grupo é o dos distraídos. A esta categoria, pertencem as pessoas que se atrasam por distração. Como exemplo, o El País refere aqueles que dão os parabéns aos amigos com várias semanas de atrasado ou que aparecem numa consulta médica no dia errado. Um outro grupo é o dos que esperam até ao último minuto e que garantem que são mais produtivas quando estão sob pressão. É só em situações de grande stress que, geralmente, se sentem suficientemente motivados para realizar as tarefas que lhes competem.

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Existem ainda os produtivos, aqueles que querem aproveitar todos os segundos do dia. Para tal, recorrem ao que DeLonzor apelidou de “pensamento mágico”, que consiste em subestimar a quantidade de tempo que leva a realizar uma determinada tarefa. Geralmente organizam-se de modo a aproveitarem ao máximo todos os momentos do dia, mesmo que seja preciso fazer os outros esperar.

Outro grupo é o dos que não admitem a culpa. Estes, arranjam sempre uma desculpa para justificar o atrasado. Há ainda os que não têm auto-controlo. A esta categoria pertencem grande parte dos distraídos. Alguns usam o atrasado para parecerem interessantes, e geralmente gostam também de deixar tudo para a última hora.

O último grupo definido por DeLonzor é o dos rebeldes. As pessoas que pertencem a esta categoria usam o atraso para demonstrarem que têm algum poder. Como exemplo, o El País refere aquelas pessoas que tinham pais que as obrigava a chegar muito cedo à escola e que agora, vários anos depois, usam o atraso como forma de rebelião.

Haverá cura para a falta de pontualidade?

“Provavelmente não”, escreve o El País, mas é importante tentar ultrapassar o problema. Para tal, é preciso reconhecê-lo e tentar perceber qual é a causa.

Para Rivero-Díaz, é importante refletir sobre a mensagem que é transmitida quando se chega a horas. Acima de tudo, significa que “respeitas a outra pessoa” e que “és alguém em quem se pode confiar, que se pode contar contigo”. “A falta de pontualidade diz exatamente o contrário”, explicou. Para o professor, chegar atrasado é como mentir e, por isso, deve ser evitado.

Por outro lado, Diana DeLonzor acredita que existem alguns truques que permitem acabar com os atrasos. Acima de tudo, é importante “reaprender a contar o tempo” porque muitas pessoas têm uma ideia errada do tempo que demoram a realizar uma determinada tarefa. Por outro lado, é importante planear tudo com antecedência. Planear chegar em cima da hora geralmente provoca atrasos. Para o evitar, basta tentar chegar 15 minutos mais cedo.