A EDP deverá voltar a anunciar esta terça-feira lucros da ordem dos mil milhões de euros em 2014, segundo os analistas que seguem a empresa. A Caixa BI aponta dois fatores que deverão permitir contrariar os efeitos negativos da contribuição extraordinária sobre os ativos da energia em Portugal.

A venda de uma participação na Companhia Elétrica de Macau à acionista China Three Gorges no final do ano passado terá gerado uma mais-valia de 110 milhões de euros. Este ganho, associado à descida antecipada dos custos financeiros, “deverão compensar o aumento dos interesses minoritários e o imposto especial sobre as empresas do setor energético pelo que as nossas estimativas apontam para que o resultado líquido se mantenha estável nos mil milhões de euros”. O resultado antes de impostos também deverá manter-se. Já os impostos disparam quase 80%, muito pelo efeito da contribuição aplicada em Portugal, e que vale 60 milhões de euros. A EDP foi das grandes empresas do setor a liquidar a taxa na data prevista no final do ano passado, não manifestando intenção de contestar.

A EDP, que segundo o governo foi já alvo de cortes nas rendas de energia de 1.800 milhões de euros, conseguiu manter o lucro acima dos mil milhões de euros durante o período de ajustamento e recessão. Bons resultados internacionais, em particular no Brasil, e uma boa performance da EDP Renováveis, têm sido as principais razões invocadas pela empresa para justificar no passado este comportamento.

Mais do que os cortes em Portugal, são os cortes impostos aqui ao lado em Espanha que estão a afetar mais negativamente a elétrica portuguesa. Este efeito é sublinhado pela Caixa BI que aponta para a diminuição da contribuição da EDP Renováveis, que tem uma operação mais importante em Espanha do que em Portugal, para os resultados da casa mãe. Por cá, o maior impacto resulta da saída de três centrais hídricas do regime CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual), que dá uma remuneração garantida às unidades de produção elétrica via tarifas.

Já o resultado no Brasil, que estava a ser penalizado pela seca, deverá ter recuperado e dar um contributo mais positivo, devido ao reconhecimento de desvios tarifários do passado.

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