São mulheres que deixam a família e as cidades onde vivem na Europa para casarem com membros do Estado Islâmico, na Síria ou no Iraque. Nos últimos anos, aproximadamente 550 jovens muçulmanas saíram do continente europeu para casarem com jihadistas. Muitas têm níveis de educação elevados e cresceram em famílias europeias de classe média, conta a Reuters.

Foi o que aconteceu às três jovens britânicas que foram encontradas num terminal de autocarros na Turquia antes de iniciarem uma viagem com destino a uma cidade fronteiriça com a Síria. Conta a Reuters que estas mulheres não parecem estar profundamente alienadas da sociedade.

O que as leva a juntarem-se a um grupo antifeminista como o Estado Islâmico? Porque é que querem fugir para locais onde a sua liberdade de expressão é reduzida? De acordo com alguns especialistas, os motivos são os mesmos que os dos homens: algumas sentem-se distantes da sociedade europeia, outras estão revoltadas contra a desigualdade, entre outros.

Mas existe algo que está a intrigar a sociedade: se estas mulheres estão a ser influenciadas pela alienação, pobreza ou revolta, então porque é que só apenas as jovens entre os 15 e os 19 anos é que estão a sair da Europa para se juntarem aos militantes do Estado Islâmico?

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Uma das razões tem a ver com o planeamento do futuro. É nesta idade, entre o final da adolescência e o início dos 20 anos que as pessoas começam a pensar no que querem fazer: que profissão querem ter ou com quem gostariam de casar.

Segundo um estudo da Comissão para a Igualdade e Direitos Humanos, que recolheu informação entre 2000 e 2010 no Reino Unido, as mulheres muçulmanas experienciam a discriminação com maior frequência e seriedade do que outros grupos religiosos.

O estudo concluiu que quando estas mulheres estão na adolescência, percebem que há pouca coisa que podem fazer para eliminar esta discriminação. Mais: nesta idade as mulheres ainda são inocentes o suficiente para acreditar em promessas que se fazem na internet, conta a Reuters.

Outro dos motivos tem a ver com o “mercado de casamento” europeu. Estas mulheres acreditam que conseguem maior estabilidade financeira junto de grupos fundamentalistas. Quanto mais ansiosas se sentem em relação ao seu futuro económico, mais provável é que apoiem causas extremistas. E existe uma razão para esta preocupação: as mulheres muçulmanas do Reino Unido têm menos 65% de probabilidades de encontrarem um emprego do que as cristãs.

Mesmo que sejam alunas com notas elevadas, como foi o caso das três jovens encontradas na Turquia, continua a ser provável que se deparem com desemprego, discriminação laboral e salários baixos. Acontece o mesmo com os homens que estão no Reino Unido. É por isso que elas preferem entrar no “mercado de casamento” em países como a Síria e o Iraque.

Contudo, isto não significa que todas as mulheres europeias que se juntam ao Estado Islâmico sejam influenciadas por motivos financeiros. Algumas fazem-no porque acreditam na ideologia ou porque tem um desejo de aventura, diz a Reuters. Contudo, é certo que as condições económicas atuais na Europa estão a levar várias jovens a procurarem segurança financeira fora do Velho Continente.