O setor dos media precisa de se unir para “falar a uma só voz”, hoje mais do que nunca, face aos novos desafios que enfrenta, apelou hoje Francisco Pinto Balsemão, presidente do conselho geral da Plataforma de Media Privados (PMP).

De acordo com o também presidente do grupo Impresa, o setor deve ter “uma voz forte” e que “defenda a existência de um jornalismo independente” e que seja também “capaz de salvaguardar os interesses dos meios de comunicação social privados portugueses junto de quaisquer entidades e instâncias”.

A PMP é composta por seis grupos de comunicação social privados (Cofina, Global Media, Impresa, Media Capital, Renascença e Público Comunicação Social) e tem como objetivo abordar temas estratégicos para o setor dos ‘media’, em Portugal e na Europa e tem como diretor executivo Luís Nazaré, que tomou hoje posse no cargo.

Pinto Balsemão, que discursava na cerimónia, em Lisboa, considerou também essencial a “existência de um jornalismo profissional, que separe o trigo do joio”, e que respeite “as regras deontológicas”.

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“Está na altura de levar para o digital os valores do papel”, apelou.

O presidente da Impresa considerou ainda que “só as empresas sólidas” e “lucrativas” podem ter um “jornalismo independente” e “multiplataforma, capaz de responder aos desafios do presente”.

Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, Balsemão apontou como principais desafios para a PMP “o problema dos direitos de autor” e o “excesso de regulação”.

“Somos das atividades mais reguladas”, referiu o mesmo responsável. Precisamos que nos deixem funcionar seguindo os nossos principais critérios deontológicos”.

Durante o seu discurso, Balsemão chamou também a atenção para a questão da “desinformação” ligada aos conteúdos digitais, “absorvida pelos cidadãos sem muitas vezes porem em causa a sua veracidade”.

“No digital, os próprios jornalistas das redes sociais atuam muitas vezes de uma maneira diferente que aquela como atuam nos seus próprios meios de comunicação social”, comentou em declarações no final, acrescentando que os responsáveis das empresas do setor “devem estar mais atentos”.

Além disso, Francisco Pinto Balsemão, pediu a abolição das regras “absurdas” que existem para cobertura das campanhas eleitorais pelas empresas do setor.

“Era preciso que estas regras absurdas que existem para cobertura das campanhas e pré-campanhas eleitorais fossem definitivamente abolidas”, referiu o também presidente do grupo Impresa, em declarações aos jornalistas no final da tomada de posse do novo diretor executivo da PMP, Luís Nazaré.

Balsemão afirmou que as regras de cobertura das campanhas eleitorais foram criadas ainda “em pleno PREC [Processo Revolucionário em Curso], em 1975”, pelo que estão desatualizadas face à realidade atual.

O mesmo responsável exemplificou com os debates de candidatos em campanhas eleitorais, “que estão completamente inviabilizados”, uma vez que nas próximas eleições legislativas irão concorrer “sete, oito ou mais partidos”. “Dentro da nossa atividade, cobrindo todas as atividades, temos o direito de dar prioridade àqueles [candidatos] que achamos importantes”, disse.

“Apresentámos um pedido ao Provedor de Justiça, para enviar para o Tribunal Constitucional estas disposições [que defendemos]”, indicou também Balsemão. No entanto, duvida que surja uma decisão “válida” a tempo das eleições legislativas e presidenciais, que se realizam em 2015 e 2016, respetivamente.

Balsemão afirmou ainda que os partidos da Assembleia da República têm declarado intenção de alterar as regras atuais, mas “não tem sido feito nada de absolutamente novo”.