Veneza (“007 – Ordem para Matar”), Kingston (“007 – Agente Secreto”), Rio de Janeiro (“007 – Aventura no Espaço”), Las Vegas (“007 – Os Diamantes São Eternos”) e Londres (“007 – Operação Skyfall”). A mitologia dos filmes de James Bond não seria a mesma sem as localizações onde se desenvolvem as suas acções. Com a chegada de “Spectre”, a nova história da saga prevista para novembro deste ano, não podia ser diferente: James Bond vai conhecer o México. A diferença é que desta vez quem vai pagar a conta da viagem será o governo do país.

De acordo com o Hollywood Reporter, citando o site de notícias sobre análises fiscais Taxanalysts, os estúdios MGM e Sony receberam um “incentivo financeiro” de 19 milhões de euros para mostrar aspetos positivos do México no novo filme de James Bond. As exigências do país? Um agente mexicano com papel de destaque, o alvo de um assassinato importante não ser um político do México, a polícia local ser referida como “força especial” e, ‘last but not least’, a presença de uma Bond Girl mexicana – o que aconteceu recentemente, com a escolha de Stephanie Sigman.

As alterações ao argumento, para incorporar estes pedidos, foram descritas num memorando da Sony, escrito pelo presidente da MGM, Jonathan Glickman, e entretanto pirateado em mais um ataque dos hackers à empresa. “Com tudo isto ainda podemos obter 6 milhões extra por continuar a mostrar os aspetos modernos [da Cidade do México] e parece que estamos bem, com base na última estimativa. Vamos continuar a procurar quaisquer outros lugares que permitam aumentar este incentivo”, afirmava Glickman. Ainda segundo o memorando, Spectre tem um orçamento previsto de 280 milhões de euros e será o maior na história dos 007.

Em entrevista ao Hollywood Reporter, Ioan Grillo, autor e jornalista mexicano especializado em criminologia, acredita que a campanha de reposicionamento da imagem do México através do filme 007 não solucionará problemas como o tráfico de drogas e armas. “O governo tem lutado para mudar a imagem internacional do México para atrair mais investimento e turismo, então estas mudanças no filme não são surpreendentes. Pode ajudar um pouco a melhorar a imagem do país, mas se o governo quer de verdade melhorá-la, deve mudar a realidade e parar os desaparecimentos em massa e os massacres”, afirma.

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A imprensa mexicana parece concordar com Grillo e utilizam a palavra “suborno” para descrever o episódio.

https://twitter.com/REFORMACOM/status/575876389632483328/