O mecanismo de segurança de entrada no cockpit foi adotado no pós-11 de Setembro e tem como principal objetivo impedir a entrada de alguém exterior na cabine e a eventual tomada do avião. Fonte ligada à aviação explicou ao Observador como funciona o sistema, mas deixou claro o seguinte: o piloto que se encontra dentro do cockpit poderá sempre manter a porta fechada se assim o entender. Parece ter sido isso que aconteceu no voo do Airbus 320.

A mesma fonte explicou que, perante uma porta do cockpit trancada, o piloto que está do lado de fora tem sempre a possibilidade de “realizar um procedimento”, como introduzir um código, que avisa o piloto que está do lado de dentro que alguém quer entrar. E existe uma câmara que mostra a zona da porta, que mostra quem quer entrar e com quem. Se mesmo assim a porta não for aberta, o piloto que está do lado de fora pode “realizar um outro procedimento”, como inserir um outro código, por exemplo, que permitirá a sua abertura. Mas a última palavra é sempre de quem está dentro do cockpit que, se quiser, pode manter a porta fechada.

Estes procedimentos de limitação à entrada no cockpit surgiram na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos da América. A existência do segundo procedimento é facilmente explicada pela possibilidade de o piloto que está dentro do cockpit ficar inanimado, vítima de um ataque cardíaco, por exemplo. Dessa forma, o outro piloto consegue sempre abrir a porta. Mas desde que a partir do interior não se queira deliberadamente manter a porta fechada. Como parece ter acontecido no caso do Airbus 320.

Pode ver abaixo o vídeo onde é explicado como funciona o mecanismo:

De acordo com as autoridades francesas, só uma ação deliberada e voluntária explica como a porta não abriu e como um avião, que tinha sido vistoriado no dia anterior tenha, inexplicavelmente, iniciado uma trajetória descendente. Uma hipótese confirmada pelos registos da caixa negra do avião, como explicou o procurador francês, Robin Price, responsável pela investigação.

“Os primeiros 20 minutos têm um diálogo normal, cortês. Não aconteceu nada de diferente. Depois ouve-se o capitão a preparar o briefing para aterrar em Düsseldorf. O copiloto responde. O capitão pede ao copiloto para tomar conta do avião e ouve-se a cadeira a mover-se e a porta a fechar-se…”.

Depois, o silêncio. “O copiloto ficou sozinho. Quando estava sozinho acionou a descida do avião. Acionou o piloto automático para descer. Para baixar, tem de ser uma ação voluntária. Ouve-se o capitão a pedir o acesso. Ele identifica-se. Não há resposta do copiloto. Bateu à porta, e não teve resposta. Ouve-se a respiração do copiloto até ao final. Respiração normal. Ouve-se a torre de controlo de Marselha várias vezes, sem resposta do copiloto”, contou Robin Price.

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