A vida dos trabalhadores deveria ser bem melhor na altura em que não existia Internet. Após saírem do trabalho tinham maior facilidade em desligar-se do que faziam durante o dia e tudo o que acontecesse após o término do expediente poderia (e deveria) ser resolvido no dia seguinte.

Nos dias que correm, porém, atravessamos a era da disponibilidade, em que parece que os trabalhadores têm de estar sempre conectados com o trabalho. Essa conexão surge, quase sempre, sob a forma do e-mail. Há quem chegue a casa e responda a e-mails porque não teve tempo durante o dia, há quem aproveite os fins-de-semana para o fazer pelas mesmas razões e há quem responda porque é urgente e o dia seguinte parece demasiado longínquo. Assim, sem que ninguém se aperceba, as comuns quarenta horas de trabalho semanal transformam-se, com frequência, em cinquenta ou sessenta. O medo de deixar passar alguma coisa é tanto que as pessoas verificam o e-mail antes de dormir, mal acordam, enquanto esperam por alguém ou até no intervalo de um filme. Isto deixa-as numa ansiedade constante.

Um novo estudo da College of Business da Universidade do Texas, publicado na revista Esquire, concluiu que as pessoas que respondem a e-mails fora do seu local de trabalho são pessoas mais zangadas e isso pode interferir na sua vida pessoal. Marcus Butts, autor do estudo, afirmou à psychcentral.com que “as pessoas que participaram no estudo disseram que ficavam irritadas quando recebiam um e-mail ou uma mensagem do trabalho depois de terem ido para casa, e que a comunicação era formulada de forma negativa ou requeria muito tempo por parte da pessoa”.

Os investigadores identificaram duas categorias de trabalhadores: os segmentários e os integradores. Os segmentários querem manter a sua vida profissional separada da pessoal. Os trabalhadores inseridos nesta categoria foram os que encararam a comunicação profissional after-hours de forma mais negativa. Os integradores querem saber o que se passa no trabalho mesmo depois de terem saído de lá. No entanto, também ficaram irritados quando receberam e-mails, mas isso não prejudicou a sua vida pessoal.

Concluindo, na hipótese improvável de não ter nada interessante para fazer em casa, apostar na resposta aos e-mails pode até nem ser má ideia. Mas se tiver, o melhor que pode fazer assim que chegar a casa é desligar o telemóvel, aproveitar para descansar e estar com a sua família. A não ser que tenha acontecido uma catástrofe, tudo o resto poderá esperar até de manhã.

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