Dezasseis remates, três acertaram na baliza. Do outro lado: dois remates, os dois no alvo. Fosse só matemática e Cabo Verde era um aluno exemplar, com aproveitamento de 100%. Foi futebol, e os Tubarões foram os reis da noite.

Portugal entrou como não acontecia há 32 anos, Fernando Santos fez alinhar um 11 inicial com quatro estreantes absolutos – Anthony Lopes, Paulo Oliveira, André Pinto e Bernardo Silva-, algo que não se via desde 1983. Talvez por isso, a equipa entrou nervosa e Cabo Verde aproveitou para lançar uns contra-ataques com algum perigo. À medida que os minutos foram passando Bernardo Silva foi começando a pegar mais na bola e a acalmá-la sobre a relva da Amoreira. Aos 14 e aos 18 minutos, primeiro de cabeça e depois com o pé esquerdo, o médio do Mónaco só não marcou porque Vozinha, o guarda-redes cabo-verdiano não deixou.

O relógio marcava 36 minutos quando Antunes perdeu a bola na esquerda da defesa portuguesa. Odair Fortes, que joga em França, aproveitou, correu e cruzou, ou pelo menos pareceu que o quis fazer. O resultado foi o primeiro golo da noite. Anthony Lopes bem se esticou, mas aquela bola, que tinha sofrido um pequeno desvio no joelho de Antunes, já só parou dentro da baliza.

Seis minutos depois, outro cruzamento da direita, desta vez na marcação de um livre, a bola foi desviada no coração da grande área, caiu para o segundo poste e Gegé encostou. 2-0 para Cabo Verde.

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Ao intervalo, Fernando Gomes, presidente da Federação, ofereceu um cheque de 50 mil euros a presidente da Federação cabo verdiana. O jogo era para isso mesmo, ajudar as vítimas da erupção do vulcão da Ilha do Fogo, no final do ano passado.

Fernando Santos foi buscar Ukra ao banco para a segunda parte. Depois ainda fez entrar Danilo Pereira e André André, mas nada funcionou. Pelo meio, um dos estreantes, o central André Pinto, foi tomar banho mais cedo, depois de “varrer” as pernas de Heldon, o árbitro mostrou-lhe o cartão vermelho.

Sobre a expulsão Fernando Santos nada disse, e também ninguém lhe perguntou, mas sobre o jogo destacou a segunda parte, pela “atitude, mesmo com 10 continuámos a atacar”, e condenou o que aconteceu na primeira porque “teve mais aspetos negativos que positivos. Tínhamos de correr mais do que o adversário ou tanto, faltou isso.”

Para a história ficou a primeira vitória de Cabo Verde, orientado por Rui Águas. E um ensaio que ficou longe ser bem sucedido para Portugal.