O líder parlamentar socialista defendeu hoje que António Costa tomou sozinho a decisão de renunciar à presidência da Câmara de Lisboa, rejeitando pressões externas ou internas, mas reconheceu que haverá agora maior ligação entre liderança e partido. “A decisão de António Costa foi tomada pelo próprio, é uma decisão clara e positiva, e uma forma de comemorar o 1º de abril como dia da verdade e não como dia das mentiras”, respondeu, numa nota de humor.

Estas posições foram assumidas por Ferro Rodrigues no final do debate quinzenal, na Assembleia da República, em declarações à agência Lusa, Rádio Renascença e Diário de Notícias, na sequência da renúncia do secretário-geral do PS, António Costa, ao cargo de presidente da Câmara de Lisboa.

De acordo com Ferro Rodrigues, António Costa “há muito que tinha prevista esta data” para renunciar às suas funções de presidente da Câmara de Lisboa, já que dentro de seis meses, “mais coisa menos coisa”, haverá eleições legislativas.

“O princípio do mês é um bom momento para se tomarem decisões e a Câmara fica muito bem entregue a Fernando Medina – alguém que conhecemos bem do Grupo Parlamentar do PS, grande quadro político e de grande competência como economista. O facto de António Costa poder dedicar-se a cem por cento à sua função de secretário-geral do PS é para todos nós uma excelente notícia, visto que nos próximos seis meses a palavra de ordem dele ‘Mobilizar Portugal’ vai ter de ser posta em prática para que o país possa mudar significativamente nas próximas eleições legislativas”, sustentou o líder da bancada do PS.

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Ferro Rodrigues rejeitou a tese de que o calendário inicialmente apontado para a decisão de renúncia de António Costa à Câmara de Lisboa fosse o início de julho, recusando também que tenha surgido já agora, hoje, devido a pressões políticas internas e externas.

“Esta decisão foi completamente tomada por ele, não houve qualquer debate, nem isso faria sentido, porque está em causa não apenas a sua própria responsabilidade política a dois níveis, como presidente da Câmara e secretário-geral, como também a sua vida pessoal durante os próximos meses. Como tal, só ele podia definir o momento exato, que não teve a ver com nenhuma questão de sondagens ou eleições”, vincou Ferro Rodrigues.

Para o presidente da bancada do PS, António Costa concluiu que “estavam já maduras as condições para passar a pasta na Câmara de Lisboa para alguém que está completamente preparado para continuar o grande trabalho que foi feito”.

“As sondagens não têm grande significado nesta altura. Nas últimas eleições legislativas, por exemplo, a dez dias do ato eleitoral, estava tudo ainda muito próximo. Portanto, há ainda uma pré-campanha, uma campanha, um conjunto de decisões que muitos eleitores tomam nos últimos dias e que depende da dinâmica que é criada meses antes. Mas não houve qualquer pressão das sondagens, pelo contrário”, defendeu Ferro Rodrigues.

Interrogado se a acumulação de funções entre a autarquia de Lisboa e a liderança do PS não provocou desgaste à imagem política de António Costa, o presidente da bancada socialista recusou. Questionado se será mais fácil a partir de agora a ligação do líder socialista à sua bancada no parlamento e ao aparelho partidário, Ferro Rodrigues considerou essa perspetiva “evidente”.

“António Costa foi sempre uma pessoa extremamente consciente e responsável pelos seus atos e com a ideia que tinha de cumprir até ao limite as suas funções. Como não é possível ter o dom da ubiquidade, agora pode estar mais tempo dedicado ao partido e também a ligação com o Grupo Parlamentar será ainda maior do que tem sido. Agora haverá a possibilidade de um maior acompanhamento e de uma maior presença do António Costa no parlamento, o que nos dá um conforto maior”, disse.