O papa celebrou hoje à noite a Vigília Pascal, na basílica de São Pedro, e convidou os católicos a aprenderem com as “mulheres discípulas ” de Jesus o conhecimento do mistério da fé. “Faz bem, nesta noite de vigília, ter tempo para refletir sobre a experiência das mulheres discípulas de Jesus, que também nos interpela”, disse Francisco, ao sublinhar que elas foram as primeiras a visitar o túmulo de Cristo, que encontraram vazio, enquanto os homens tinham ficado no Cénaculo.

“As mulheres discípulas de Jesus ensinam-nos” o mistério da ressurreição de Cristo, frisou o papa. A missa da Vigília Pascal, que celebra a ressurreição de Jesus é o momento mais importante do ano cristão para 1,2 mil milhões de católicos. Para esta cerimónia solene retransmitida para todo o mundo, o papa entrou de vela na mão na basílica, após a bênção do fogo no átrio. A imensa nave, mergulhada na escuridão, iluminou-se para simbolizar a ressurreição de Cristo.

Seguindo a tradição dos primeiros anos da Igreja, Francisco batizou e deu a comunhão a dez catecúmenos, adultos que se converteram ao catolicismo. Entre estes, de idades e nacionalidades diversas, estava a pintora portuguesa Helena Lobato, de 45 anos.

Numa homília sem alusões às crises do mundo, Francisco explicou que o mistério da Páscoa “não era um facto intelectual”, mas era acessível graças a uma atitude de humildade. “Para entrar neste mistério, é necessária a humildade para se baixar, para descer do pedestal do nosso Eu tão orgulhoso, da nossa presunção; a humildade de se redimensionar, reconhecendo o que somos efetivamente: criaturas com qualidades e defeitos, pecadores que precisam de perdão. É preciso este rebaixamento que é impotência, desapossamento das nossas próprias idolatrias”.

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Compreender o mistério da Páscoa, acrescentou, pede também “não ter medo da realidade: de não se fechar sobre si próprio, de não fugir daquilo que não se compreende, de não fechar os olhos perante os problemas, de não os negar, de não eliminar os pontos de interrogação”. É preciso procurar sempre “um sentido imprevisível, uma resposta que não seja banal às questões” que questionam “a fé, a fidelidade e a razão”, recomendou o papa.

A cerimónia, uma das mais antigas da tradição cristã, começou com a bênção do fogo e o acendimento do círio pascal, símbolo de Cristo “Luz do Mundo”, e depois também a da água, que será usada nos batismos. Com um furador, o papa Francisco fez uma incisão no círio pascal, gravando uma cruz, a primeira e a última letra do alfabeto grego – alfa e ómega – e o número deste ano, 2015.

Logo em seguida realizou-se a procissão até ao altar-mor, em total silêncio, e liderada pelo diácono que leva o círio, seguido pelo papa e diferentes membros do clero. Uma vez no altar-mor, e depois da bênção do papa, o diácono proclama o chamado “Exultet”, o anúncio da Páscoa, pelo qual os fiéis esperavam com velas acesas. Francisco celebra no domingo, na praça de São Pedro, a missa do Domingo de Ressurreição, seguindo-se a leitura da mensagem pascal e a bênção “Urbi et Orbi” (à cidade [de Roma] e ao mundo).