O Governo do Quénia informou que um dos membros do grupo islâmico que atacou quinta-feira a universidade de Garissa, causando 148 mortos, era um jovem queniano de etnia somali e licenciado pela faculdade de direito de Nairobi.

“Um dos quatro ‘shebab’ que atacaram a universidade de Garissa (…) foi identificado como Abdirahim Abdullahi”, originário da região de Mandera, situada no extremo noroeste do Quénia que faz fronteira com a Somália, afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Mwenda Njoka.

Abdirahim Abdullahi, morto durante a intervenção das forças de segurança, “era diplomado pela Faculdade de Direito de Nairobi e descrito por quem o conhecia como um futuro jurista brilhante”, acrescentou o responsável.

Njoka acrescentou que o pai de Abdullahi havia “alertado as autoridades que o seu filho tinha desaparecido e que suspeitava que tivesse ido para a Somália”. O jovem estava desaparecido desde 2013.

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As autoridades quenianas continuam a tentar identificar os corpos de outros três supostos atacantes encontrados após o cerco de 16 horas à universidade durante o qual 142 estudantes, três polícias e três militares foram mortos.

O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, decretou sábado três dias de luto nacional, na sequência do ataque de quinta-feira perpetrado pelo grupo islamita ‘shebab’, e prometeu responder “o mais severamente possível” ao ataque à universidade de Garissa, assegurando que o seu país “não se curvará” perante a ameaça.

Kenyatta apelou, ainda, para que “todos os quenianos, todas as Igrejas e todos os dirigentes” falem “alto e forte a favor da unidade (do país)” e de modo a que a sua “cólera, justificada (…) não leve à estigmatização de ninguém”.

Já hoje, o papa Francisco presidiu à missa Pascal do Vaticano durante a qual recordou o clima de violência mundial e o recente massacre no Quénia.

As autoridades quenianas indicaram que a universidade de Garissa tinha 815 estudantes matriculados, oriundos de todas as zonas do país e grande parte vivia na residência universitária tomada de assalto pelos atacantes.

Um comando islamita entrou na quinta-feira, ao início da manhã, no recinto da universidade de Garissa, localidade do leste queniano, a cerca de 150 quilómetros da fronteira com a Somália, disparando ao acaso, antes de se refugiarem num edifício da residência universitária com um número indeterminado de reféns.

Os islamitas somalianos ‘shebab’ reivindicaram o ataque, o mais mortífero no Quénia desde o atentado contra a embaixada dos Estados Unidos em Nairobi, em 1998 (213 mortos), em represália pela presença militar queniana na Somália, onde um corpo expedicionário queniano combate este movimento desde final de 2011.