Radiações do desastre nuclear de Fukushima, no Japão, foram detetadas pela primeira vez ao largo da costa norte-americana. Os níveis de radiação são, porém, demasiado baixos para constituírem uma ameaça.

A investigação foi levada a cabo por uma equipa de cientistas do Instituto Oceanográfico de Woods Hole (WHOI), no Canadá, que recolheu amostras ao largo de Ucluelet, uma pequena localidade na ilha de Vancouver. Nas amostras foram detetados vestígios de Césio -134 e -137, dois elementos radioativos, mas em quantidades demasiado pequenas para serem consideradas perigosas, refere um comunicado publicado no site do instituto.

O Césio é um elemento químico que permanece na atmosfera depois de um teste nuclear. O -134, ao contrário do -137, tem uma vida relativamente curta. Apesar de o Césio ser um elemento relativamente comum nos oceanos, a presença do -134 só se explica se tiver havido um desastre nuclear recentemente. “Como o Césio -134 tem uma meia-vida de dois anos, qualquer quantidade detetada no oceano só pode ter sido adicionada recentemente. E a única fonte recente de Césio -134 foi Fukushima”, refere a nota do WHOI.

Em março de 2011, um terramoto, seguido de um tsunami, atingiu a Central Nuclear de Fukushima, a cerca de 200 quilómetros de Tóquio. Três dos seis reatores nucleares derreteram, provocando a libertação de material radioativo. O desastre obrigou ao deslocamento de mais de 160 mil pessoas e contaminou a comida, o ar e a água, que conseguiu chegar ao Oceano Pacífico. Foi o maior desastre nuclear desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Para Ken Buesselerd, investigador do WHOI, é importante manter uma monitorização apertada dos níveis de radioatividade da costa. “A radioatividade pode ser perigosa. Devemos monitorizar cuidadosamente os oceanos depois daquela que é, certamente, a maior libertação acidental de contaminadores radioativos nos oceanos da história”, referiu. “Contudo, os níveis que detetámos em Ucluete são extremamente baixos“, garantiu.

De acordo com Buesseler, níveis semelhantes de Césio deverão chegar gradualmente às costas norte-americanas, podendo chegar à costa oeste dos Estados Unidos da América. Em novembro passado, foram detetadas radiações a 150 quilómetros da costa do norte da Califórnia, refere o jornal The Globe and Mail. “Prever a propagação da radiação torna-se cada vez mais difícil à medida que chega à costa”, disse o investigador.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR