Um estudo internacional que envolveu 11 cientistas de nove países mostrou que as alterações climáticas podem afetar grande parte do Antártico, sendo a acidificação um dos maiores problemas para os organismos marinhos que ali vivem. Os resultados foram publicados na revista científica Global Change Biology e divulgados num comunicado de imprensa pela Universidade de Coimbra (que participou no estudo).

“Este foi o primeiro estudo a quantificar os múltiplos fatores ambientais que afetam o Oceano Antártico como um todo e a indicar quais as áreas que poderão ser mais atingidas no futuro”, salienta José Xavier, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra – o único cientista português envolvido na investigação. A pesquisa tinha como objetivo “avaliar e quantificar” as alterações na Antártida, “uma das regiões do planeta que tem mostrado sinais de mudanças ambientais bastante rápidas e profundas”.

A pesquisa revela que “os fatores ambientais que causam stress ao ecossistema marinho do Oceano Antártico poderão chegar a 86%” de todo o oceano. Grande parte do Oceano Antártico “vai ser afetada por processos associados às alterações climáticas” e as áreas atingidas “vão ser maiores do que as observadas no passado”, sustentam os especialistas. “Grandes proporções do Oceano Antártico estão e serão afetadas por um ou mais processos de alterações climáticas. As áreas que se preveem afetadas no futuro são maiores do que aquelas que já estão a sofrer stress ambiental”, escrevem os investigadores no artigo científico.

“As regiões costeiras junto ao continente, e particularmente a Península Antártica, vão ser as regiões mais afetadas por múltiplos stresses ambientais (como, por exemplo, degelo, aumento da temperatura e diminuição do gelo marinho)”, salienta José Xavier, membro coordenador do programa AnT-ERA do Comité Cientifico para a Investigação na Antártida (SCAR).

“O nosso maior desafio futuro será avaliar os efeitos destes fatores ambientais na vida dos animais, e em toda a cadeia alimentar, que vivem no Oceano Antártico e qual a severidade desses fatores nas diferentes regiões deste Oceano. Estamos a trabalhar nisso agora!”, conclui.

Além de José Xavier, participam no estudo investigadores de Alemanha, Argentina, Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, França, Nova Zelândia e Reino Unido.

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