A Galp Energia está a subir 7,7% na bolsa de Lisboa, e já esteve a ganhar mais de 10% esta quarta-feira, impulsionada pelo anúncio pela anglo-holandesa Royal Dutch Shell de que irá comprar a britânica BG Group, parceira da Galp em algumas explorações petrolíferas no Brasil. O negócio, que vale 47 mil milhões de libras, ou quase 65 mil milhões de euros, vai criar a segunda maior petrolífera mundial, avaliada em mais de 200 mil milhões de libras.
O negócio foi orquestrado pelas administrações das duas empresas e foi noticiado terça-feira que estas estavam em “negociações avançadas” com vista a esta oferta. Trata-se de um misto entre uma oferta pública de aquisição (OPA) e uma fusão, já que os acionistas da BG Group vão receber 383 pence (3,83 libras) em dinheiro mais 0,4454 ações comuns da Shell. A Shell paga um montante próximo do valor que Portugal necessitou no empréstimo internacional concedido em 2011 pela troika.
A Galp ganha, assim, um novo parceiro para as explorações no Brasil, ao mesmo tempo que vê a Shell pagar um valor mais elevado pela BG (e, logicamente, pelos seus ativos no Brasil) do que o mercado estava a avaliar. A oferta da Shell paga um prémio de cerca de 50% face ao preço de fecho das ações da BG na terça-feira. A BG é parceira da Galp em vários projetos de exploração no offshore brasileiro, incluindo na descoberta Tupi (bloco BM-S-11), na Bacia de Santos, que foi a maior descoberta de petróleo no mundo nos últimos 30 anos, segundo a Galp.
A Galp tem 10% do consórcio que explora esse poço petrolífero, com a brasileira Petrobras dona de 65%, a BG Group detentora de 25% e a Galp Energia com 10%.
Galp dispara para cotação mais elevada desde outubro de 2014
Num contexto de queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais, a gigante Shell está a ver cair a produção cair para os valores mais baixos dos últimos 17 anos, segundo a Bloomberg, ao passo que a BG aumentou as suas reservas energéticas em seis dos últimos sete anos, com enfoque especial no gás natural liquefeito. Com esta operação, a Shell diz que irá aumentar as suas reservas de gás natural liquefeito em 25%.
Do lado da BG, a descida dos preços do petróleo, que estão na casa nos 50 dólares por barril, tem visto as suas operações de descoberta e exploração pressionadas pelos retornos inferiores com a venda de crude e gás natural. A empresa era pública até à década de 80, até que foi privatizada pelo governo de Margaret Thatcher. Chamava-se, até então, British Gas, a empresa pública monopolista que existia no Reino Unido para a exploração de gás natural.