Gulnaz foi violada aos 16 anos pelo marido da prima. Como ele era casado quando a violou, ela foi acusada, e considerada culpada, de adultério. Da violação resultou uma filha, que nasceu na prisão.

Para sair da prisão, a mulher concordou em casar com o homem que a violou. Agora são uma família. A história é contada pelo próprio à CNN. Asadullah aceitou falar com a estação norte-americana, e deixou que a mulher falasse, para “mostrar que as coisas agora estão seguras e que, dentro da noção de moral social no Afeganistão, ele fez o que estava certo. Ele retirou Gulnaz da vergonha”, é o pensamento do homem, relata a CNN.

“Se eu não casasse com ela, ela não conseguiria integrar-se mais na sociedade e os irmãos não iriam aceitá-la de volta. Agora ela não tem nenhum desses problemas”. Ela, por sua vez, completa. “Eu não queria arruinar a vida da minha filha. Por isso concordei em casar com ele”.

Há uma aparente harmonia na sequência dos acontecimentos. Ambos concordam que foi o melhor que aconteceu. Mas ela não olhou para ele uma única vez durante a entrevista. Na casa em que vive Gulnaz, o marido e os filhos, vive também a primeira mulher de Asadullah – a prima de Gulnaz.

“Os meus irmãos opuseram-se ao casamento e disseram para pegar na minha filha e ir com ela para o Paquistão. Mas agora estou casada. Eles não vão voltar a ver-me.” A solução acabou por apagar e desviar as atenções do problema real: a falta de concretização dos direitos das mulheres, avisa a Amnistia Internacional.

“Nós somos pessoas tradicionais. Quando ganhamos ‘má reputação’, preferimos morrer do que ficar com essa má reputação”. Gulnaz, hoje com 23 anos, diz que já não pensa no assunto. “Já não tenho nenhum problema com ele. Não quero pensar nos problemas do passado.” Está grávida do terceiro filho.

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