O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou esta segunda-feira que o combate moderno ao terrorismo islâmico torna “absolutamente necessária” uma melhor coordenação entre os serviços de informação, quer entre os países europeus, quer com os vizinhos do sul do Mediterrâneo.

“Em termos de terrorismo é exatamente necessário [melhorar o nível de coordenação entre os serviços de informações], não só entre os países europeus como entre os países europeus e os do Magrebe, do Egito ou da orla sul do Mediterrâneo. São coisas absolutamente necessárias para a eficácia do combate”, considerou Rui Machete à agência Lusa, no final de uma sessão de trabalho na reunião ministerial informal UE-Mediterrâneo.

No entanto, o ministro português considera – e esta foi uma posição bastante abordada nas sessões de trabalho desta manhã – que o trabalho no campo da segurança e do contra-terrorismo tem de ser acompanhado por igual esforço nos campos do desenvolvimento económico e da educação.

“Mais do que isso, o que é necessário é um espírito novo na forma como se encara a cooperação, mais equânime, com maior igualdade e [dirigida] aos problemas novos que as sociedades magrebinas e o sul do mediterrâneo enfrentam em relação ao desemprego da juventude e ao desencanto da juventude, que são uma das razões do fácil recrutamento para o Daesh [acrónimo em árabe para a organização ‘jihadista’ conhecida como Estado Islâmico]”, disse Rui Machete.

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De acordo com o máximo responsável da diplomacia portuguesa, o ponto de vista mais inovador das discussões de hoje “foi a perspetiva nova como se encarou o desenvolvimento económico sustentável e as questões relacionadas com a educação” nos países mediterrânicos.

“Houve muitas referências à luta contra o terrorismo, mas aí não houve propriamente novidades: as questões estão bem identificadas”, pelo que as discussões de hoje estiveram muito focadas na forma de mudar a forma de cooperar, realçou.

“A necessidade de haver uma cooperação continua a existir, mas é completamente diferente. A cooperação tem sido feita ainda segundo o modelo dos ‘doadores e recipientes’. Hoje é necessário um modelo de parceria diferente, mais igualitário, visto que os países têm uma problemática similar [casos do terrorismo, o recrutamento ‘jihadista’ e as migrações] e os problemas que têm são muito semelhantes nas suas consequências”, salientou.

A reunião ministerial informal de Barcelona – organizada pela União Europeia (UE), por Espanha e pela presidência da UE, atualmente assumida pela Letónia – juntará a chefe da diplomacia comunitária, a Alta Representante Federica Mogherini, o comissário europeu da Vizinhança, Johannes Hahn, bem como os representantes dos Negócios Estrangeiros de todos os países-membros da UE e dos seus parceiros da Vizinhança Sul – Argélia, Palestina, Tunísia, Líbano, Marrocos, Egito, Jordânia e Israel. A Líbia e a Síria não foram convidados.

À margem da cimeira informal, o ministro Rui Machete manterá ainda esta tarde reuniões bilaterais com os seus homólogos de Marrocos, Salaheddine Mezouar, do Egito, Sameh Shukry, e da Jordânia, Nasser Judeh.