A economia de Angola vai acelerar para os 4,5% este ano e abrandar para 3,9% em 2016, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI) no ‘World Economic Outlook’, um relatório sobre a economia mundial divulgado nesta terça-feira em Washington. De acordo com os peritos do FMI, que hoje lançaram a primeira de duas edições anuais desta análise à economia mundial, Angola vai acelerar ligeiramente o crescimento económico para os 4,5%, face aos 4,2% que cresceu no ano passado.

A fatura da descida dos preços do petróleo, no entanto, vai fazer-se sentir de forma mais acentuada em 2016, ano em que o segundo maior produtor na África subsaariana vai ficar-se pelos 3,9%, bem abaixo da média de 5,2% dos exportadores de petróleo da região.

O relatório do FMI apresenta um conjunto de indicadores e previsões sobre Angola, não detalhando as razões que sustentam as previsões, mas ainda assim fica claro que a inflação deverá aumentar neste e no próximo ano, passando de 7,3% em 2014 para 8,4% este ano e 8,5% no ano seguinte.

A queda do preço do petróleo desde o verão passado tem tornado evidente a excessiva dependência da economia angolana do ‘ouro negro’, responsável por mais de 95% das exportações do país e por 70% da receita fiscal no ano passado, uma alínea que este ano vai reduzir-se para 36,5%.

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A redução das receitas obrigou o executivo liderado por José Eduardo dos Santos a elaborar um Orçamento retificativo, em que o preço de referência do barril de petróleo desceu de 81 para 40 dólares, ainda assim abaixo do preço de estabilização antecipado pelos analistas, em torno dos 50 ou 60 dólares.

Além de efetuar um conjunto de cortes na despesa e de ter reduzido substancialmente os subsídios aos combustíveis – uma ‘velha’ batalha do FMI -, Angola encetou um ambicioso programa de financiamento internacional, recorrendo não só aos tradicionais doadores internacionais, como Banco Mundial ou Banco Africano para o Desenvolvimento, mas também à banca comercial.

O resultado destes empréstimos é que Angola vai pagar 5,3 milhões de euros por dia de juros em 2015, com o ‘stock’ da dívida pública a elevar-se a 41,9 mil milhões de euros, equivalente a 45,8% PIB do país, segundo a revisão, aprovada em março, do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015.

O buraco nas contas públicas angolanas, devido à forte quebra das receitas petrolíferas, está agora avaliado em 806,5 mil milhões de kwanzas (6,9 mil milhões de euros), obrigando a novas necessidades de financiamento, quando está em curso uma negociação do Governo com o Banco Mundial para a obtenção de um empréstimo também de 500 milhões de dólares.

Angola já garantiu, entretanto, empréstimos de 500 milhões de euros dos espanhóis do BBVA, e de 250 milhões de dólares (236 milhões de euros) do norte-americano Goldman Sachs e do fundo britânico Gemcorp Capital, cada.

Além destes, e com o mesmo argumento, Angola aprovou em agosto um financiamento de 1.500 milhões de dólares (1.417 milhões de euros) junto do banco russo VTB Capital PLC. Soma-se, já este mês, um empréstimo de 123,7 milhões de dólares (115 milhões de euros), aprovado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para financiar um projeto de abastecimento de água e saneamento básico em Angola.

O banco sul-africano Rand Merchant Bank (RMB) vai financiar o projeto de construção e reabilitação de duas estradas nacionais angolanas (EN 180 e 225) com 216 milhões de dólares (203 milhões de euros).