O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou hoje empresários de estarem a sabotar o abastecimento de produtos no país e de usarem os dólares autorizados para as importações para “apunhalar” o povo. Nicolás Maduro anunciou também que “radicalizará” a revolução bolivariana.

“Sem demora, sem falta, convoquem os empresários a quem são entregues dólares para a importação desses produtos que não se fazem na Venezuela, muito sensíveis à vida adulta. Convoquem, investiguem, verifiquem as contas, vão aos armazéns e se é necessário vamos detê-los e entrega-los ao Ministério Público, porque estou seguro que estão detrás de um plano para sabotar o nosso povo” disse.

Nicolás Maduro falava em Los Próceres, Caracas, durante um ato evocativo do “dia da milícia” bolivariana, transmitido em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.

“Já chega! Peço o apoio do povo. Já chega de tanta sabotagem económica, já chega de tanta guerra económica, se não é uma coisa é outra. Já chega de tanta reunião também. Quando os convocamos eles falam, põem cara de cordeiros e vão (embora) como lobos, hienas, a meter uma punhalada contra o povo” disse, referindo-se a alguns empresários.

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O Presidente da Venezuela chamou a sua equipa a “atuar com mão dura, direta” e a “não acreditar” na burguesia.

“Vamos radicalizar a revolução. Já chega (…) chamo o povo, as Forças Armadas, os ministros. Já chega de sorrisos. Acabaram-se os sorrisos e as conversas com a burguesia, que respondam pelos dólares que lhes demos”, frisou.

Maduro vincou que na luta contra os problemas de abastecimento de produtos não lhe interessa os apelidos e apelou aos ministros que tenham “mão dura” para os prevaricadores.

“Quem não poder que se retire, quem não poder suster a sua atividade económica que se vá (embora), mas quem for encontrado em sabotagem (vai) para a cadeia, tem que ir preso e pagar o que fazem ao povo”, disse.

Segundo Nicolás Maduro “tudo tem um limite” e os empresários andam em “sabotagem permanente” mesmo quando são convocados ao palácio presidencial de Miraflores.

“Eu peço apoio. Um só homem não pode fazer todas as tarefas, eu necessito de apoio e mão firme dos ministros e dedicação exclusiva “, disse vincando que irá “à raiz” do problema.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos venezuelanos de dificuldades para conseguir produtos essenciais como leite, óleo, café, açúcar, margarina, papel higiénico, lâminas de barba, champô, sabonetes, preservativos, entre outros.

Alguns produtos considerados “não básicos” ou “não prioritários” registam também falta de abastecimento, entre eles os dos setores de acessórios para automóveis, papel e tecidos, entre outros.

Diariamente os supermercados registam grandes filas de clientes à procura de produtos que muitas vezes são comprados na totalidade sem chegarem a ser colocados nas prateleiras.

Alguns cidadãos recorrem frequentemente a aplicações de telefones inteligentes para saber onde chegam os produtos escassos e para avisar os amigos da sua existência em determinado sítio.

Para conseguir os produtos os venezuelanos devem dispensar várias horas diárias nas filas de diferentes estabelecimentos comerciais.