A Europa é o destino preferencial da China. E na Europa, Portugal está no top cinco do destino do investimento chinês. Choi Man Hin, presidente da Estoril Sol III e da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa, cita dados recentes que colocam Portugal no quarto lugar do ranking dos destinos do investimento made in China em 2014 com mais 2,3 mil milhões de dólares.

Man Hin invoca, no entanto, investigações que apontam para que a escala do investimento chinês em Portugal possa chegar aos 10 mil milhões de dólares (9300 milhões de euros), incluindo o imobiliário e os grandes negócios de compra de participações na EDP, REN, Fidelidade e Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), mas também a compra de 30% da operação da Galp no Brasil. Este valor ultrapassa em muito a estimativa de seis mil milhões de euros, avançada minutos antes por Miguel Athayde Marques. Os valores escapam às estatísticas oficiais que só detetam os fluxos por origem geográfica direta, quando muitas das operações chinesas em Portugal foram feitas através de outros países.

Portugal é um dos destinos onde a China colocou mais força, reconhece o presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa num debate sobre o investimento chinês em Portugal que assinala esta terça-feira o arranque da versão em mandarim do site Portugal Economy PE Probe, que agrega informação sobre a economia nacional.

A “crise económica inspirou o governo português a abrir o mercado ousadamente a empresas chinesas”, diz Choi Man Hin. A força do investimento é uma oportunidade a longo prazo para revitalizar a economia portuguesa.

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Mas se em Portugal são mais visíveis as grandes operações, algumas lideradas por grupos controlados pelo Estado, 80% das empresas chinesas que investem na Europa são privadas e familiares, e não empresas públicas, sublinha Main Hin para quem o reforço das relações económicas entre os dois países vai passar pelas PME chinesas.

O governo chinês está a realizar reformas para facilitar a ida das empresas chinesas para o mercado internacional. Mas as PME sentem dificuldades em obter informação. A falta de marcas fortes e uma gestão muito familiar, são alguns dos problemas que se colocam às PME chinesas. Recursos humanos e de capital, são outras fragilidades que Choi Man Hin identifica.

Segundo dados avançados por Miguel Athayde Marques, em 2014 a China foi o décimo principal destino das exportações portuguesas. Há mais de 1100 empresas com relações com a China. O maior exportador é a Autoeuropa. No imobiliário, Portugal é o terceiro maior mercado de investimento chinês na Europa.