Em 2006, os meios de comunicação social norte-americanos fizeram dos male nannies assunto do dia quando Britney Spears contratou um para cuidar do seu filho mais velho, Sean Preston, na altura com nove meses. Os anos passaram e a série televisiva Modern Family voltou a trazer o assunto à baila, quando decidiu escolher um ator para fazer de nanny do filho mais novo de Jay (Ed O’Neill) e de Gloria (Sofía Vergara). Mas qual a verdadeira razão para preferir um rapaz a cuidar dos filhos e não uma rapariga, quebrando anos e anos de estereótipos?

No início deste mês, Lydia Gard escrevia no The Telegraph as razões que a levaram a contratar um male au pair (au pair é o termo dado a jovens que quiseram ir estudar para fora mas, não tendo posses, trocaram a estadia e a alimentação pelo trabalho de tomar conta de crianças numa família). E as razões, escritas com humor, são variadas, desde conseguir explicar um fora de jogo a saber o que as crianças do sexo masculino gostam de fazer, seja trepar árvores ou montar e brincar com Legos durante horas.

Richard Barclay, male nanny há 14 anos, criou a Manny Poppins, uma agência especializada em serviços de male nannies. “Inicialmente quase ninguém concorria ao trabalho, mas agora recebemos mais de 100 candidaturas por semana, das quais só escolho algumas”, diz, acrescentando que o que as famílias procuram são jovens com energia e dinâmicos.

Uma cliente da Manny Poppins justificou da seguinte forma a sua escolha: “apesar das anteriores nannies do sexo feminino manterem excelentes relações com as crianças, eu acho que os mannies são menos emocionais no que toca à tomada de decisões, tornando a comunicação com os pais mais clara e simples. As relações duram mais e há menos problemas com o decorrer do tempo.”

E em Portugal, a moda já pegou? Filipa Almeida, da Nanny Portugal, disse ao Observador que a procura por mannies, o termo que se generalizou, ainda é inexistente no nosso país. Já teve dois pedidos específicos mas provenientes de casais estrangeiros — o que também é justificável pelo facto de 80 por cento dos clientes da empresa serem naturais de outros países. No entanto, o número de candidatos a nannies do sexo masculino tem vindo a aumentar e são cada vez mais qualificados. Para Filipa, a procura por rapazes acontece geralmente em famílias que têm filhos do sexo masculino e justifica-se pelo facto de “os rapazes saberem como jogar à bola e transmitirem outros valores às crianças. Enquanto que as nannies raparigas são mais vocacionadas para pintar, desenhar e para as artes plásticas em geral, algo mais direcionado para as meninas, os rapazes são completamente diferentes, querem correr, andar de bicicleta e identificam-se mais com um nanny homem.”

Na Nanny Portugal, o preço não varia consoante o sexo dos nannies e as qualificações exigidas são iguais para ambos: acima de tudo, terem experiência, já que Filipa ressalva que “só ter formação não é suficiente”. De salientar que as nannies, ou neste caso os mannies, ficam com as crianças muito tempo, podendo morar na casa com a família, ao contrário das babysitters, que são contratadas à hora.

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