A maioria dos 600 oncologistas inquiridos sobre as preocupações destes profissionais considera que a qualidade do tratamento contra o cancro varia consoante o hospital onde é administrado e que Portugal não está preparado para o aumento desta doença.

O inquérito sobre perceções e preocupações de profissionais ligados à oncologia foi desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e será esta sexta-feira apresentado durante os Encontros da Primavera de Oncologia, que se realizam em Évora.

De acordo com os resultados, 83 por cento dos inquiridos discorda da afirmação de que, “em Portugal, é dado aos doentes que vivem com cancro o melhor tratamento médico independentemente do hospital em que são tratados”.

A maioria dos médicos sondados considera que “em Portugal existem demasiadas assimetrias regionais no que diz respeito à prevenção e tratamento do cancro”.

A maioria dos inquiridos (71 por cento) considera que Portugal não está preparado para lidar com o crescimento da incidência do cancro.

Segundo o estudo, 55 por cento concorda que em Portugal existem os mesmos tratamentos para o cancro que estão disponíveis em outros países da União Europeia.

No entanto, 64 por cento considera que os doentes oncológicos não estão a receber tratamento de acordo com as recomendações internacionais.

Setenta e um por cento dos médicos julgam que Portugal não está preparado para lidar com o crescimento desta doença.

A maioria dos oncologistas inquiridos — com pelo menos dez anos de especialidade — considera que a comunidade científica em Portugal não tem as mesmas condicionantes orçamentais para a investigação do que outros países da União Europeia.

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A maior parte destes médicos (60 por cento) considera que em Portugal não há um acompanhamento das campanhas de sensibilização europeias para a prevenção do cancro.

No que diz respeito às inquietações dos oncologistas, 53 por cento dos inquiridos identificaram o acesso à melhor terapêutica, de acordo com o estado da arte, como a sua primeira preocupação enquanto profissionais de saúde.

Questionados sobre o que mais dificulta a luta contra o cancro, 74 por cento elegeu, entre outros aspetos, a carência de profissionais nos cuidados de saúde primários/hospitalares e 68 por cento escolheu a inexistência de um programa de rastreios organizados de âmbito nacional.

A falta de conhecimento da população no que diz respeito aos problemas oncológicos foi opção de 62 por cento dos inquiridos, enquanto 54 por cento referiu a falta de campanhas de sensibilização da população regulares e sustentadas.

Sobre as maiores necessidades na área da formação de oncologistas em Portugal, 33 por cento identificou “a promoção do acesso a perspetivas multidisciplinares por patologia e a criação de sinergias entre cuidados de saúde diferenciados” e 26 por cento “a definição de requisitos de competência para a prestação das diferentes modalidades de cuidados oncológicos”.

Menos de um quinto dos inquiridos (17 por cento) escolheu a formação clínica integral no diagnóstico e a abordagem de um conjunto alargado de doenças neoplásicas como a maior necessidade ao nível da formação dos oncologistas.

Uma larga maioria (81 por cento) dos oncologistas auscultados considera que o doente oncológico em Portugal “está medianamente informado” sobre os seus direitos e sobre a sua doença e respetivo tratamento.