O espanhol Antonio de la Rosa vai tentar, em finais de julho e início de agosto, unir as duas capitais ibéricas, Madrid e Lisboa, num trajeto de 911 quilómetros em “paddle surf” pelo rio Tejo, algo que diz nunca ter sido tentado.

“O projeto consiste em tornar-me na primeira pessoa a descer o Tejo de Madrid até Lisboa em ‘paddle surf’, num total de cerca de 900 quilómetros e que pretendo realizar no próximo mês de agosto. Saio a 29 de julho e gostaria de estar a chegar a Lisboa a 15 de agosto”, disse o praticante de desportos extremos à agência Lusa, à margem da apresentação do projeto, na 1.ª Feira de Surf de Madrid.

Antonio de la Rosa, bombeiro de profissão, parte de Buitrago de Lozoya (na zona montanhosa a norte de Madrid), desce pelo Lozoya e pelo Jarama (afluentes do Tejo) e entra no rio internacional em Aranjuez. Passa ainda por Toledo e Talavera dela Reina e, depois de percorrer várias das bacias do Tejo, entra em Portugal por Alcántara, com Portugal na margem direita e Espanha na margem esquerda até chegar a perto de Vila Velha de Ródão, onde o Tejo passa a ser apenas português.

“Em Portugal espero estar cinco a seis dias, passando por localidades como Alvega [conselho de Abrantes] Azinhaga [perto da Chamusca], Vila Franca de Xira. São uns 350 quilómetros de rio desde a fronteira a Lisboa e tentar chegar a Cascais, que é onde fica a parte mais surfista e onde há mais ambiente de ‘paddle surf'”, explicou o atleta.

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Para Antonio de la Rosa, um nome bem conhecido em Espanha por ter sido o primeiro espanhol a cruzar a remo o Atlântico [em 64 dias] diz que o principal desafio do Madrid-Lisboa é conseguir aguentar todos os 15 dias a remar pelo menos dez horas ao dia.

“A remar dez a doze horas diárias vou ter bolhas nas mãos, vão-me doer os pés e as pernas – porque no ‘paddle surf’ trabalha-se não só os braços, como também a parte inferior, porque vais de pé”, realçou.

Antonio de la Rosa, embaixador de Turismo Ativo e Desportivo da Comunidade de Madrid [que o patrocina neste projeto], tem um vasto currículo de aventuras deste tipo, entre as quais ter completado em solitário a rota “Iditarod” no Alasca em esqui de fundo e pé, num total de mais de 1.700 quilómetros em 42 dias.

“Tenho um trajeto em desportos de expedição, provas de aventura de oito e dez dias – em bicicleta, a correr, a remar. Nos últimos cinco anos dediquei-me a fazer expedições em solitário: percorri as oito ilhas das Canárias em kayak em oito dias – passando pelos nove montanhas em bicicleta – percorri as ilhas Baleares em canoa polinésia, cruzei o Lago Baikal, na Sibéria, em solitário [700 quilómetros no Inverno por cima do maior lago de água doce do mundo]”, recordou.

Em 2014, cruzou o Alasca e, mais tarde, o Atlântico, remando sozinho desde Dakar até à Guiana Francesa, na prova Rames-Guyane 2014 que viria a ganhar.

“A experiência em desafios duros já a tenho e a força física e mental também. Mas nunca se sabe porque pode surgir qualquer tipo de problema”, advertiu o desportista, garantindo – bem-disposto – que chegará a Lisboa “nem que tenha de nadar os últimos 200 quilómetros”.

Para esta aventura Madrid-Lisboa, Antonio de la Rosa tem o patrocínio da Comunidade de Madrid. O Turismo de Portugal, por seu lado, associou-se ao projeto para facilitar o contacto com as entidades locais das etapas que decorrem em Portugal.