O presidente do banco UBS, um dos maiores bancos europeus, disse este domingo que a eventual saída da Grécia da zona euro é “gerível” e que um incumprimento da Grécia seria um “evento negligenciável” na perspetiva do banco.

Em entrevista ao jornal alemão Neue Zuercher Zeitung, o diretor executivo do banco suíço, Axel Weber, considera que a eventual saída da Grécia da zona euro seria “sistematicamente gerível” e acrescenta que, do ponto de vista das finanças do banco, este seria um evento negligenciável.

Axel Weber, que foi governador do banco central alemão entre 2004 e 2011, explicou que a tranquilidade face ao impacto da eventual saída da Grécia da zona euro é baseada no facto de o banco ter cortado os riscos de incumprimento da Grécia “há muito tempo”.

A entrevista de Weber surge numa altura em que cada vez mais se fala da possibilidade de a Grécia entrar em incumprimento financeiro e escolher sair da zona euro, perante o arrastar das negociações entre Atenas e os seus parceiros com vista à resolução do problema financeiro grego.

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Os relatos da imprensa dos últimos dias dão conta de um ambiente hostil na reunião do Eurogrupo de sexta-feira, em Riga, para com o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, com vários dos seus colegas a tecerem palavras duras.

O próprio presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, admitiu na conferência de imprensa que esta foi uma “discussão muito crítica” e voltou a dizer que “o tempo está a esgotar-se” para a Grécia.

O ministro das Finanças da Eslovénia, Dusan Mramor, defendeu mesmo que se comece a pensar num ‘plano B’, mas os outros responsáveis da zona euro negaram entrar já por esse caminho.

Há já dois meses que a Grécia está a negociar com o chamado Grupo de Bruxelas – Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Mecanismo Europeu de Estabilidade – reformas estruturais e medidas de consolidação orçamental para que possa aceder à última ‘tranche’ do programa de resgate, de 7,2 mil milhões de euros e crescem os receios de que o país possa falhar pagamentos e, logo, entrar em incumprimento (‘default’).

Os momentos críticos de que mais se fala são o início de maio, quando Atenas tem de pagar 200 milhões de euros ao FMI, e sobretudo 12 de maio, quando tem de devolver mais de 700 milhões de euros à instituição. Esta data calha precisamente no dia seguinte a mais uma reunião do Eurogrupo.

No entanto, até lá o país ainda tem de fazer vários pagamentos substanciais, nomeadamente pensões e salários. Para cumprir essa obrigação o Governo grego publicou um decreto-lei que obriga à transferência de reservas de fundos de organismos públicos e entidades locais para o banco central.

Quanto ao BCE, que tem assegurado a liquidez dos bancos gregos através da linha de emergência, a agência de informação financeira Bloomberg dá conta de que também vários membros do Conselho do BCE estão a ficar com a paciência esgotada e com cada vez mais receio de que o impasse ameace a solvência do sistema bancário do país.

Por isso, o BCE poderá endurecer as condições de fornecimento de liquidez aos bancos gregos o que iria aumentar ainda mais os problemas de liquidez da Grécia.