Passaram noventa e um anos desde a morte do revolucionário russo Vladimir Lenine, mas a sua aparência mantém-se fiel à que tinha nesse tempo. Tudo graças ao trabalho científico de preservação do corpo efetuado pelo “grupo de Mausoléu”, um conjunto de seis cientistas do Centro de Pesquisa Científica e Educação de Métodos Tecnológicos Bioquímicos.

Os cientistas, e mais duzentos trabalhadores, responsabilizaram-se por manter a aparência, estrutura física, peso, cor e flexibilidade do cadáver. Agora, o Mausoléu de Lenine encerrou para preparar o corpo para o 145º aniversário de Lenine, como noticia o Scientific American.

Por altura da morte de Lenine, as elites russas ponderaram o embalsamamento do corpo. Primeiro, a ideia foi recusada, mas a preservação do corpo graças ao frio soviético deu tempo para que acabasse por ser aceite e levada avante.

A primeira fase, entre março e julho de 1924, foi a mais complicada, porque o sistema circulatório já estava danificado pela autópsia. Para preencher as cicatrizes, os cientistas desenvolveram agulhas que injetavam líquidos de embalsamamento nos cortes. E inventaram um fato de borracha que cobria o corpo e permitia que ele permanecesse lubrificado pelos líquidos durante a exposição.

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Além destas técnicas, os cientistas submergiram o corpo durante um mês e meio num líquido composto por glicerol, formaldeído, acetato de potássio, álcool, peróxido de hidrogénio, ácido acético e sódio acético. Desta forma, os cientistas garantiam que o corpo não enrugava nem desenvolvia fungos durante dez anos, embora se tenham visto confrontados pelo desvanecer da cor da pele.

De acordo com o relatório de Alexei Yurchak, antropólogo social da Universidade da Califórnia, os métodos utilizados pelos anatomistas, bioquímicos e cirurgiões responsáveis pela preservação do corpo não se comparam ao da mumificação: Yurchak explicou que a mumificação pretende manter os tecidos biológicos nas melhores condições possíveis. Este não é o objetivo principal destas técnicas de embalsamamento em particular, que preferem manter o aspeto físico e a expressão de Lenine.

“Em termos de matéria biológica original, o corpo é cada vez menos o que costumava ser”, concluiu, já que houve necessidade de utilizar pele artificial baseada na de Lenine, reestruturar a face para que se assemelhe à do soviético e substituir os órgãos moles por um preparado de parafina, glicerina e caroteno.

Além do corpo de Lenine, o “grupo do Mausoléu” tem a seu encargo a preservação do corpo do vietnamita Ho Chi Minh, e dos líderes norte-coreanos de Kim Il-sung e de Kim Jong-il. Os processos científicos foram apoiados pelo governo e por mecenatos.