A última vez que o Sporting venceu em Moreira de Cónegos, os leões marcaram primeiro, adormeceram durante meia hora, consentiram o empate e acabaram por ganhar por 1-3, porque havia um senhor chamado Sá Pinto na equipa e também um outro, que costumava resolver, que respondia pelo nome de Liedson, o Levezinho. No banco dos da casa estava então Jorge Jesus. Tempos distantes, ou nem por isso. Senão vejamos:

Um minuto e vinte e quatro segundos foi quanto bastou para Carlos Mané descobrir o caminho para aquilo que parecia ser uma vitória fácil do Sporting. Depois o Moreirense deu um ar de sua graça e fez pairar no jogo o fantasma de mais complicações para os rapazes de Alvalade, que contudo acabaram por sair de Moreira de Cónegos com um dos mais expressivos resultados da equipa esta época. Fredy Montero marcou dois e deu dois a marcar, quebrou o jejum de meses e deu um pontapé nas críticas. Não é levezinho, mas é conhecido como avioncito e pôs os leões a voar para ainda mais perto da Champions.

SPORTING: Rui Patrício; Cedric, Paulo Oliveira, Ewerton, Jefferson; William, André Martins, Mané, Nani; Tanaka e Montero

MOREIRENSE: Marafona; Paulinho, Danielson, Marcelo Oliveira, Elízio; André Simões, Diogo Cunha, Lucas Souza; João Pedro, Leandro Souza e Arsénio

O Moreirense até podia ter pregado ao Sporting a partida que os leões pregaram ao Boavista na jornada passada, quando marcaram um golo logo aos 15 segundos de jogo. Mas o remate de João Pedro, esquecido pela defesa leonina na área ainda o relógio não chegara ao meio minuto, saiu muito ao lado. Pouco depois, o Sporting, eficaz a 100%, começou a escrever outra história.

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Eis um Montero a querer despachar o assunto rapidamente, a receber a bola do lado esquerdo da área e, como dizia alguém, a rematar com o pé que tinha mais à mão. Saiu torto, mas não fez mal: estava lá Carlos Mané para marcar o primeiro da partida, na primeira jogada de ataque do Sporting.

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Se a rapidez com que Mané sacou da pistola prometia animação, a verdade é que o jogo rapidamente arrefeceu e o Moreirense lá começou a crescer. Sem grande perigo, é certo, mas a ameaçar o Sporting com o fantasma do empate, à semelhança do que também já se vira em Alvalade frente ao Boavista, quando os axadrezados deixaram os leões nervosos até quase ao fim da partida.

A tranquilidade viria pouco depois. E logo com arte. Se até aí inspiração era coisa que não entrara no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, aos 33 minutos Fredy Montero matou a fome de golo e pôs a bola no fundo das redes com classe. Não foi de bicicleta, mas quase: no fim de uma jogada confusa, o colombiano marca o segundo para os de Alvalade, que até aí poucos remates fizera.

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Ainda o cronista tentava encontrar as palavras certas para descrever o golo do colombiano e já havia um nipónico a fazer a balança pender ainda mais para o lado da turma de Alvalade. Foi aos 35 minutos. Nani descobre Montero na área entre dois defesas, mas Fredy não consegue receber em condições e a bola acaba por ressaltar para os pés de Junya Tanaka, o irrequieto japonês que parece nunca desistir de uma jogada. Bola nos pés, perna esquerda puxada atrás e está feito: 0-3, os leões podem sair daqui com uma goleada das antigas.

Podem? Podiam, que o Moreirense não demorou muito a mostrar que ainda estava vivo. A dois minutos do intervalo, em mais uma jogada confusa, Leandro atira para o fundo das redes de Patrício. A bola andou ali a passear, de balão em balão, até que o avançado brasileiro resolveu o assunto com um forte remate com o pé direito. 1-3, o suficiente para pôr areia na engrenagem de uma máquina que já só parecia ter um fim e para deixar a equipa leonina nervosa. Ainda não tinha passado um minuto e o Moreirense já criava perigo na área de Patrício novamente, mas o guardião das redes do Sporting segurou sem problemas. Intervalo, mesmo a tempo para acalmar os rapazes da Segunda Circular.

O intervalo acalmou tanto os jogadores do Sporting que durante os primeiros dez minutos da segunda parte a única ação que se viu veio dos onze de Moreira de Cónegos. Primeiro João Pedro, depois Arsénio, o Moreirense chegou quatro vezes à grande área leonina e foi Ewerton que evitou maiores sustos à equipa sportinguista. O jogo animou, a bola começou a passear mais entre as duas áreas e o golo adivinhava-se. Só não se sabia ainda para que lado.

Arisco, o Moreirense olhava o Sporting nos olhos e, mesmo sem criar grandes situações de perigo, encostava o leão à linha de fundo e ganhava confiança. Marco Silva, percebendo que os pupilos de Miguel Leal estavam a agigantar-se, tirou o nipónico talismã e deu mais robustez ao centro, fazendo entrar João Mário para o lugar de Tanaka. O Moreirense não se deixou intimidar e continuou a tentar, ora de canto ora de longe. O que faltava em pontaria sobrava em atitude aguerrida. Do lado dos leões, a pontaria também não era muita. Nani bem tentou ser o quarto da frente sportinguista a deixar o nome escrito na ficha de jogo, mas nem de cabeça, nem de livre, nem de meia distância conseguiu matar a partida.

Não marcou Nani, bisou Montero. E foi a substituição do avançado emprestado pelo Manchester a Alvalade que deixou a porta aberta ao golo do colombiano. Saiu Nani, entrou Diego Capel e, aos primeiros toques na bola, o espanhol outrora imprescindível na equipa do Sporting mostrou porque já teve esse estatuto, inventado espaço no lado esquerdo do ataque e cruzando para a cabeça de um Montero sedento de golos. Aos 85 minutos, 1-4 e a intranquilidade já completamente afastada do horizonte leonino.

Dez anos depois da última vitória do Sporting em Moreira de Cónegos (foi a 18 de abril de 2005, com golos de Liedson, Douala e Sá Pinto), a equipa de Alvalade repete o resultado que conseguira em casa nesse mesmo ano (com um golaço de Pinilla. Quem?). O Sporting está firme no terceiro lugar e aproxima-se do FC Porto, agora apenas a seis pontos de distância.