Tinha 26 anos quando perdeu o pai. Terá sido ai que Ana Maria Espírito Santo Bustorff (1928-2014) decidiu que daria sequência ao legado e à paixão da família pela arte. O culpado disto tudo foi Ricardo Espírito Santo Silva, o avô de Ana Maria e fundador do Banco Espírito Santo (1884), que comprou o Palácio Azurara (1947), um monumento do século XVII, para expor e preservar qualquer coisa como 2.000 peças de arte. Depois, em 1953, doou o palácio e parte da sua coleção privada ao Estado, dando assim lugar à fundação com o seu nome, que dava a mão às artes decorativas em forma de museu-escola.

O tempo passa, de forma implacável, e entre 1884 e 2015 muita coisa aconteceu. Beliscou-se o nome de uma família, caiu um banco e todo o glamour que abraçava o clã Espírito Santo, mas ficou a arte, a tal paixão de sempre. E parte da coleção da tia de Ricardo Salgado, com 150 peças, foi leiloada esta quarta-feira na King Street, em Londres, pela Christies, rendendo um total de 1.500.000 euros. As peças estiveram em exposição entre 25 e 28 de abril.

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A estrela do dia, segundo a Christies, era uma taça chinesa do período Qianlong (1736-1795), que fora decorada a partir de uma pintura de William Hogarth — “The Gate of Calais” ou “O, the Roast Beef of Old England”. A rara peça de arte foi vendida por quase 205 mil euros. As pinturas de Jean-Baptiste Pillement qualquer coisa como 130 mil euros, enquanto a pintura a óleo Circle de Jakob Bogdáni ganhou o estatuto de grande surpresa do dia, pois estava previsto render entre 42 e 70 mil euros, mas acabaria por ser vendida por quase 205 mil euros.

O vasto catálogo disponível no site da Christies conta também resumidamente a história de Ana Maria, juntando-lhe algumas fotografias. Exemplo disso são as imagens do casamento, que aconteceu em 1949, com António Bustorff Silva, com quem teve nove filhos. Ana Maria soube também o que era ser avó… 17 vezes.

Vale a pena ver toda a coleção vendida e os valores. Aqui.

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