As comissões políticas do PSD e do CDS aprovaram ao início da noite a proposta de coligação para as legislativas, assinada no sábado, dia 25 de abril, pelos presidentes dos dois partidos. O documento aprovado tem, porém, uma inovação em relação ao anunciado no fim de semana: a decisão sobre o candidato presidencial único a apoiar deverá ser tomada “preferencialmente” depois das legislativas – palavra que introduz uma aceleração no calendário traçado no sábado e que apontava claramente para depois das legislativas.

No intervalo entre a Comissão Política e o Conselho Nacional do PSD, o porta-voz do partido, Marco António Costa, comentou a estratégia para as presidenciais, afirmando que “a intenção que está expressa” nos termos do acordo de coligação entre PSD e CDS-PP é os dois partidos apoiarem o mesmo candidato presidencial.

Instado a clarificar se PSD e CDS-PP vão apoiar o mesmo candidato a Belém, o social-democrata respondeu: “Essa é a intenção que está expressa, quer na declaração de princípios que foi lida e assinada pelos dois líderes aqui no passado dia 25 de abril, quer no documento que está aqui subjacente, no articulado”.

Por outro lado, Marco António Costa rejeitou que PSD e CDS-PP tenham tido como objetivo “marcar” a apresentação da candidatura presidencial de António Sampaio da Nóvoa ao marcarem para hoje as reuniões partidárias destinadas a aprovar o seu acordo de coligação: “Não tivemos nem temos a intenção de marcar nenhuma candidatura presidencial, não faz o mínimo sentido”.

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“Escolhemos esta data porque era a data possível dentro das agendas que os dois partidos tinham”, justificou. “É simplesmente uma coincidência de agendas”, reforçou.

Marco António Costa sustentou que os sociais-democratas têm, aliás, manifestado “um espírito de abertura total em relação a todos os candidatos presidenciais”, assinalando o facto de ter recebido Henrique Neto na sede do PSD.

O líder do PS, António Costa, por sinal, declarou esta quarta-feira que “a seu tempo” o PS decidirá sobre que candidato presidencial apoiar, corrigindo declarações do líder parlamentar, Ferro Rodrigues, que defendeu publicamente que tal decisão só seria tomada depois das eleições legislativas.

O CDS também fez reunião idêntica da sua Comissão Política, antes de dar início à do Conselho Nacional. Nesse intervalo, o vice-presidente, Nuno Melo, destacou que “os eleitores não compreenderiam que a coligação não fosse renovada” depois de o Governo dos dois partidos ter “livrado Portugal de um resgate e do procedimento de défice excessivo”.

O acordo prevê que os lugares na lista conjunta sejam distribuídos em função do resultado das últimas eleições legislativas, como o CDS sempre defendeu.

A coligação PSD/CDS-PP terá órgãos próprios de coordenação política, segundo o documento que foi aprovado pelos conselheiros nacionais sociais-democratas, que estabelece desde já que os dois partidos formarão grupos parlamentares separados.

No documento lê-se que “a coligação constituirá órgãos próprios de coordenação política em documento autónomo” e que, “no respeito pela identidade de cada um dos partidos e à semelhança do funcionamento da presente legislatura, os deputados de cada partido constituirão um grupo parlamentar autónomo”.

Estas cláusulas não constavam do compromisso que os presidentes dos dois partidos assinaram no sábado.

No que respeita à elaboração das listas conjuntas às legislativas, é especificado que a ordenação dos candidatos de cada um dos partidos obedecerá “ao critério da transposição dos resultados obtidos em cada círculo eleitoral nas eleições legislativas de 2011″ e que, no decurso da próxima legislatura, “as vagas são preenchidas pelo candidato imediatamente a seguir do partido pelo qual foi proposto o deputado que deu origem à vaga”.