As conclusões são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e revelam que a população nas cidades mais desenvolvidas economicamente está a envelhecer mais rapidamente do que a população das zonas rurais. Em números: 14% das pessoas que vivem em grandes cidades tem mais de 65 anos quando, há dez anos, esta percentagem era de 12%. A OCDE baseou-se nas estatísticas demográficas de nove cidades, entre elas Lisboa – onde 24% dos residentes tem mais de 65 anos.

Além da capital portuguesa, os números somados no relatório “Ageing in Cities” são de Toyama e Yokohama , no Japão, Calgary no Canadá, Colónia, na Alemanha, Brno na República Checa, Manchester no Reino Unido, Philadelphia nos Estados Unidos e em Helsínquia , na Finlândia. Consequentemente, todas estas cidades terão que repensar as suas infraestruturas e as suas políticas sociais. A OCDE foi ver como cada cidade está a lidar com o envelhecimento da população e concluiu que Lisboa está a tomar medidas para se tornar mais atrativa, a apostar na reabilitação urbana e que, até, tem um plano de acessibilidade pedonal.

De acordo com as conclusões da OCDE, baseadas em informações da Câmara Municipal de Lisboa, há vários organismos públicos e privados interessados em transformar a capital portuguesa, onde vivem segundo as estatísticas de 2011, 552 700 pessoas.

“Lisboa está empenhada em ajudar os mais velhos, de forma a que permaneçam independentes através de estratégias não só na área da saúde, mas também na acessibilidade física”, conclui o relatório.

Por outro lado, a autarquia está também empenhada em atrair famílias mais jovens e estudantes, para que contribuam para a economia e, consequentemente, para o desenvolvimento de políticas de apoio aos mais idosos. Para tal, a autarquia está a apostar na reabilitação urbana para atrair novas pessoas. Há ainda voluntários a fazer levantamentos de quantas pessoas idosas vivem sozinhas e em que condições.

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Os problemas que Lisboa enfrenta

O maior desafio para a cidade e para a população mais envelhecida é a recuperação económica. A taxa de população empregada com mais de 45 anos está nos 49,9%, abaixo da média nacional, o que significa uma redução nos impostos entrados assim como uma redução da capacidade laboral.

Além dos desafios económicos, há desafios sociais: a acessibilidade aos serviços. Promover a acessibilidade, diz o relatório da OCDE, não é só promover formas de as pessoas se deslocarem diariamente na sua rotina diária, mas prevenir o isolamento social. “O uso dos transportes públicos é baixo”, conclui a OCDE. Números de 2011 dão conta de que 17 das pessoas mais idosas usam transportes públicos, 43% usam carro e 39% andam a pé. Desde então, os números de quem anda de transporte público desceram, porque as reduções de preços para mais de 65 anos eram de 50% e passaram a 25%. Por outro lado, os idosos também têm dificuldade em perceber a rede de transportes públicos, o que os demove. Acresce a falta de cobertura de transportes nalgumas zonas de Lisboa. Estas mudanças, diz o relatório, estão nas maus do Governo. Andar a pé em Lisboa também não é fácil. Há poucos passeios e poucas zonas pedonais.

Acresce a pobreza. Em 2011, 7,3% da população idosa vivia na pobreza – tendo em conta os rendimentos serem menos de metade que a média nacional. A falta de condições económicas e a falta de mobilidade conduz ao isolamento das populações mais envelhecidas, alerta a OCDE.