O Banco de Portugal alertou nesta quarta-feira que o aumento do consumo privado “não pode ser desligado das preocupações com a desigualdade”, uma vez que sociedades desiguais “tendem a ter menor coesão social” e mais dificuldades em realizar reformas.

De acordo com o Boletim Económico de maio, hoje publicado e no qual o banco central descreve a evolução da economia portuguesa em 2014, “o desejável aumento do consumo privado pelos vários segmentos da população – num contexto de correção dos equilíbrios macroeconómicos fundamentais – não pode ser desligado das preocupações com a desigualdade na sua distribuição”.

A instituição liderada por Carlos Costa refere mesmo que esta é uma “dimensão onde a economia portuguesa apresenta fragilidades quando comparada com a realidade europeia” e adverte que “sociedades com elevados níveis de desigualdade tendem a ter menor coesão social e maiores dificuldades em alcançar compromissos para a realização de reformas”.

Quanto ao consumo público, que caiu novamente em 2014 devido à “prossecução do processo de consolidação orçamental”, o Banco de Portugal aponta que esta variável “desempenha um papel fundamental na garantia das condições de coesão social, definidas através da escolha dos cidadãos”.

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De acordo com o banco central, nos últimos cinco anos verificou-se uma redução do peso do consumo público no Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de dois pontos percentuais.

Sublinhando que no ano passado a redução do peso do consumo público esteve relacionada com a redução das despesas com funcionários públicos, o Banco de Portugal afirma que “a manutenção do processo de consolidação orçamental, em linha com os compromissos assumidos ao nível europeu, exige que o aumento da eficiência na utilização dos recursos públicos permaneça uma prioridade”.

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