“Ou se adora ou se odeia” é uma formulação mais gasta que as solas dos peregrinos e quase sempre um exagero de ocasião que pretende justificar uma opinião forte acerca de algo. Mas no caso das ostras ela aplica-se invulgarmente bem, pela dificuldade que há em encontrar quem lhes seja indiferente.

Felizmente, no entanto, para os produtores de ostras e para o projetos como este, não falta quem as adore ao invés de odiar. É a esses, e a todos os outros que estejam abertos a uma hipotética conversão à causa — que é possível –, que interessa a notícia em epígrafe.

Mas mais importante que a novidade propriamente escrita — o primeiro rooftop lisboeta com um bar de ostras — é a origem desta. Porque é aí que entra a Ostraria, um interessantíssimo conceito pop-up, fruto do trabalho de três amigos de diferentes áreas: Tiago Veríssimo (biólogo), Manuel Maldonado (cozinheiro) e Pedro Carvalho (gestor). “O nosso objetivo é mudar o paradigma do consumo de ostras em Portugal”, explica Tiago. Para tal, desenvolveram este projeto móvel que vai marcando presença em diferentes espaços e eventos, onde trabalham o molusco de uma forma muito criativa e irreverente. Tão irreverente, aliás, que não é de estranhar vê-los vestidos de guerreiros romanos a distribuir ostras pelos convidados de uma festa. Já aconteceu.

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Manuel e Tiago podem mudar a sua relação com as ostras. (© Tiago Pais / Observador)

Apesar dessa criatividade e da irreverência que lhe está associada, o cuidado no tratamento do produto está sempre em primeiro lugar. “Não saltamos etapas só para garantir que temos ostras para determinada ocasião. E só compramos aos nossos fornecedores, em quem temos a máxima confiança”, garante Tiago. A Ostraria trabalha unicamente com produtores nacionais, de várias regiões: Ria de Alvor (a maioria), Formosa, Aveiro ou Sado. Segundo explicam, é, inclusive, possível “comparar um pouco a ostra ao vinho, porque ela vai mudando de sabor conforme a região ou a época”.

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Neste oyster bar, que ficará até 30 de setembro no Entretanto, no último piso do Hotel do Chiado, com uma vista fabulosa para três quartos de Lisboa, os responsáveis da Ostraria vão ter uma oferta que vai muito além das comuns ostras frescas com limão. Vai ser possível prová-las marinadas e confecionadas de diversas formas e em diferentes contextos: desde tártaro de ostras com nori do atlântico, a uma sandes de ostras fritas a que chamam “Not so Po’boy”.

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Está a ficar convencido/a? Então leia mais um pouco. (© Tiago Pais / Observador)

E nem só de comida se fará a oferta do bar. “Para provar que é possível brincar com as ostras criámos os shucktails, que são variações de cocktails clássicos com ostras”, revela Tiago. Por exemplo, em vez do Dry Martini servem o Dry Ostrini, onde a azeitona é substituída pelo molusco. Já o Bloody Mary dá lugar ao Bloody Oyster, novamente com direito a brinde.

Este não é o único evento planeado pela Ostraria para o verão. A partir de junho voltarão, pelo segundo ano consecutivo, a marcar presença no NoSoloÁgua Portimão e, segundo os responsáveis, já têm em vista mais duas parcerias a fechar em breve. Para que ninguém saia ostracizado, ou para que todos possam sair ostracizados. Depende da perspetiva.

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Vai uma ostra com vista? (© Tiago Pais / Observador)

O oyster bar da Ostraria no Entretanto vai funcionar entre 15 de maio e 30 de setembro, de quinta-feira a domingo, entre as 12h00 e as 22h00. O Entretanto fica no Hotel do Chiado, na Rua Nova do Almada, 114. O contacto da Ostraria é o 93 237 3270; www.ostraria.pt