Pelo menos 220 soldados russos morreram em combate no leste da Ucrânia, segundo um relatório do opositor russo assassinado em fevereiro, Boris Nemtsov, divulgado por figuras próximas do opositor.

O documento apresenta “provas exaustivas” da ingerência militar da Rússia no conflito ucraniano, baseadas em “testemunhos-chave” de soldados e das suas famílias, disse o opositor e coautor Ilia Iachin numa conferência de imprensa em Moscovo.

O relatório, de 64 páginas, intitula-se “Putin. A Guerra” e foi redigido a partir de uma investigação de Boris Nemtsov, Iachin e outros.

Segundo Iachin, as tropas russas atravessaram pela primeira vez “em massa” a fronteira com a Ucrânia em agosto de 2014, durante a contraofensiva bem sucedida dos separatistas em Ilovaisk e na frente sul de Donetsk.

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Pelo menos 150 soldados russos morreram nesses combates. As famílias receberam uma compensação de dois milhões de rublos (cerca de 35.000 euros) e tiveram de assinar uma cláusula de confidencialidade, segundo a investigação.

Outros 70 soldados russos, entre os quais 17 paraquedistas, morreram em janeiro e fevereiro de 2015 perto da cidade de Debaltsevo, segundo Nemtsov, que afirma no documento ter-se reunido com representantes dos familiares dos soldados mortos.

“Todos os êxitos militares decisivos dos separatistas foram realizados por unidades do exército russo”, disse Iachin.

O economista Serguei Alexashenko, também coautor do relatório, estima que em apenas dez meses a Rússia gastou mais de 53 mil milhões de rublos (cerca de 930 mil euros) no conflito no leste da Ucrânia.

Por outro lado, Moscovo gastou cerca de 80 mil milhões de rublos (1,4 mil milhões de euros) com as centenas de milhares de ucranianos que se refugiaram na Rússia.

Segundo os cálculos de Alexashenko, as sanções ocidentais impostas à Rússia depois da anexação da Crimeia, em março de 2014, provocaram perdas a Moscovo de pelo menos 2,75 biliões de rublos (48 mil milhões de euros).

Além de Nemtsov, ex-primeiro-ministro, Iachin, deputado, e Alexashenko, economista, participaram na elaboração do relatório o ex-vice-primeiro-ministro Alfred Koch, os jornalistas Aider Muzdabaiev e Oleg Kashin.

Segundo os autores, os elementos constantes do relatório provêm de “fontes abertas”, “fontes anónimas em Moscovo” e testemunhos de familiares de soldados.

Boris Nemtsov foi assassinado a tiro a 27 de fevereiro quando passeava perto do Kremlin, em Moscovo. Cinco chechenos foram formalmente acusados do homicídio.