A televisão continua a ser o meio de comunicação mais utilizado para consumo de notícias entre os utilizadores de Internet em Portugal, conclui um estudo desenvolvido pela ERC, regulador dos media, divulgado esta terça-feira.

De acordo com as conclusões do estudo ‘Públicos e Consumos de Media’, desenvolvido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), com base num inquérito, “a televisão continua a ser o meio de comunicação mais utilizado para consumo de notícias entre os públicos portugueses”.

Na discussão que se seguiu à apresentação do estudo, João Canavilhas referiu a dificuldade de análise destes dados. O vice-reitor da Universidade da Beira Interior verificou que, dos dados que tem em mãos, aquilo que os utilizadores dizem que consomem não corresponde ao que os utilizadores efetivamente consomem. António Granado, professor da Universidade Nova, referiu a imensa dificuldade dos produtores de conteúdos em Portugal, dada a reduzidíssima dimensão de utilizadores que consome conteúdos pagos – um dos mais baixos da Europa.

Na audiência, José Alberto Carvalho realçou a importância destes estudos para que se entenda a forma como se consomem conteúdos em Portugal, numa altura em que a indústria está em convulsão a nível global.

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O estudo aponta ainda que “mais de nove em cada dez inquiridos identificaram os programas televisivos noticiosos como um recurso que utilizaram para consulta de notícias (93%), durante a semana anterior à realização do inquérito, o que demonstra que este meio tradicional mantém o seu predomínio enquanto fonte noticiosa face às plataformas digitais”.

As redes sociais “são o segundo recurso mais utilizado para aceder a notícias (66%), surgindo ligeiramente à frente dos jornais impressos (65%)”, adianta o estudo, que acrescenta que a rádio “é identificada como fonte de notícias utilizada por mais de um quarto dos inquiridos (28%)”.

A maioria dos inquiridos (66%) aponta os programas de notícias de televisão “como a mais importante fonte” de informação, pelo que “permite afirmar que a televisão mantém o seu protagonismo como principal meio noticioso, mesmo entre os utilizadores de Internet que consomem notícias ‘online'”, refere o documento.

Já os jornais impressos ocupam o segundo lugar relativamente à importância atribuída às fontes noticiosas, com 29% de referências, seguido das redes sociais (18%) e dos ‘sites’ e aplicações de jornais, com 17%.

Relativamente ao tempo diário que os inquiridos gastam no consumo de notícias, o estudo conclui que “é à televisão que os portugueses dedicam mais tempo”, sendo que “mais de um terço dos inquiridos dispensou, no dia anterior à realização do questionário, mAais de 60 minutos a consumir notícias televisivas (33%)”.

O computador é o segundo dispositivo “utilizado durante mais tempo para consumir notícias”, com quase metade (49%) dos inquiridos a consultarem informação durante mais de 21 minutos na véspera do inquérito, enquanto 20% dos inquiridos adiantou que o intervalo de tempo na consulta dos mesmos oscila entre os 10 e 20 minutos.

No que respeita ao interesse por notícias, a frequência de consulta de informação em meios ‘offline’, ou seja, televisão, rádio e jornais, “é superior à utilização de meios ‘online'”, refere o estudo, apontando que a maioria de utilizadores de Internet consulta notícias em meios ‘offline’ “várias horas por dia” (43%) e/ou “uma vez por dia” (30%).

De acordo com o estudo, “a frequência de consulta de notícias em meios ‘online’ é um pouco mais reduzida, embora a maioria dos entrevistados se revele consumidor frequente de notícias ‘online’: cerca de um em cada cinco dos inquiridos consulta notícias ‘online’ ‘uma vez por dia’ (21%) e cerca de um terço dos inquiridos fá-lo ‘várias vezes por dia’ (33%)”.

Estes são os primeiros resultados do primeiro inquérito nacional realizado pela ERC – Públicos e Consumos de Media.

“A primeira edição do inquérito teve como enfoque principal os consumos de notícias em plataformas digitais, utilizando como referência o inquérito realizado pelo Reuters Institute for The Study of Journalism, no Digital News Report 2014”, adianta.

O estudo contou com o apoio científico de uma equipa de investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia – Instituto Universitário de Lisboa (CIES – IUL), coordenado pelo professor Gustavo Cardoso, com a Eurosondagem responsável pela realização do inquérito nacional, com entrevistas presenciais a uma amostra de 1.035 pessoas representativa da população residente em Portugal com 15 ou mais anos.

As entrevistas foram realizadas entre 20 de setembro e 12 de outubro do ano passado.

“A análise que se desenvolve neste relatório, dada a especificidade do seu objeto”, centra-se essencialmente numa subamostra constituída por 625 inquiridos, “que foram identificados no decurso da aplicação do inquérito como aqueles que utilizam Internet e que denotam algum grau de interesse pelo consumo de notícias”.